Por karilayn.areias

Rio -  Criada para fiscalizar as unidades médicas federais no Rio de Janeiro, a Comissão Externa da Câmara dos Deputados visitou nesse domingo (2) o Hospital de Bonsucesso, na zona norte. Foi a segunda vistoria da comissão. No sábado (1º), eles estiveram no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na zona oeste.

Assim como na visita de sábado, o problema que mais chamou a atenção dos deputados foi a falta de profissionais na unidade. A emergência contava com apenas um médico para atender a 40 pacientes. Um profissional que trabalha no hospital e que pediu para não ser identificado informou que além da falta de pessoal, há equipamentos quebrados, situação que classificou como de “abandono”.

Outro problema identificado foi a demora na transferência de pacientes que precisam de atendimento especializado. A comissão, que é suprapartidária e formada por cinco parlamentares, pretende, segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), identificar os principais problemas dos hospitais federais do Rio e encontrar soluções emergenciais e estruturais. “Estamos falando de um hospital de emergência, com pelos menos seis grandes comunidades no entorno, na beira da Avenida Brasil e vivendo a situação explícita de desproporção entre demanda e recursos humanos”, disse ela. “Além disso, há um problema de porta de saída, há pacientes com câncer que estão aqui desde abril, um problema de regulação e dos leitos de retaguarda dessa emergência”.

Ainda de acordo com a deputada, 30 contratos temporários de várias especialidades terminaram, sem previsão de novas contratações. “A nova emergência tem um espaço maior, com o dobro de leitos, e se reabrir não há profissionais para ocupá-lo, na medida em que não há perspectiva nem de concursos, nem de reposição desses recursos humanos que estão acabando”. 

A diretora da unidade, Lúcia Bensiman, explicou que não tinha autorização para fazer declarações à imprensa, mas confirmou que três médicos faltaram ao plantão nesse domingo. “Na escala, quatro médicos estão de plantão, sendo que um deles é de rodízio. Se só tem um, é porque três faltaram ao plantão”, afirmou.

Também participaram da vistoria representantes do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj) e do Conselho de Enfermagem. De acordo com o secretário-geral do Cremerj, Gil Simões, a falta de pessoal, de material cirúrgico e os equipamentos quebrados são problemas vivenciados por todos os hospitais do estado e que representam um desmonte da saúde pública.

“Esses problemas vêm se intensificando e a situação parece caminhar para uma terceirização da saúde, com prejuízos para a assistência. Terceirizou, vira um pensamento empresarial, apenas custo e benefício”, declarou.

A primeira fase do trabalho é identificar, por meio das vistorias, os principais e mais graves problemas existentes nas unidades. Em seguida, a comissão pretende pressionar diretamente ou por medida judicial o governo federal para implementar melhorias e mudanças emergenciais nos hospitais.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que mantém em dia os repasses às seis unidades federais na capital fluminense. Os recursos para os hospitais federais, segundo a nota, são crescentes e devem ser 22% maiores do que no ano passado. Incluindo despesas com recursos humanos, o valor será superior a R$ 1,5 bilhão em 2017.

Você pode gostar