Rio - Pelo menos cinco empresas de ônibus que contribuíam para a “caixinha” da propina, segundo investigações da Operação Ponto Final, têm atuação no transporte municipal do Rio. As viações Rubanil, Real, Acari, America e Madureira Candelária integram os consórcios Internorte, Intersul, Transcarioca e BRT.
Ontem, a bancada do PSOL na Câmara dos Vereadores recolheu as 17 assinaturas necessárias para criar uma CPI que objetiva apurar a relação entre as empresas e concessionárias que prestam serviço à cidade. A Operação Ponto Final, deflagrada pela Polícia Federal e que prendeu 11 pessoas acusadas de envolvimento em esquema de propinas que movimentou R$ 500 milhões, teve como foco a corrupção no âmbito estadual do transporte público, já que o principal beneficiário do grupo seria o ex-governador Sérgio Cabral.
“Há fortes indícios de que o esquema se repita no município”, afirmou o vereador David Miranda (PSOL). O partido também quer o fim da redução de ISS às empresas de ônibus, cuja alíquota baixou de 2% para 0,01%. O Rio ônibus defendeu a desoneração, afirmando que a redução constava no edital de licitação das linhas como forma de viabilizar a implantação e a manutenção do Bilhete Único Carioca (BUC), que permite duas viagens pelo preço de uma no intervalo de 2h30. O Rio Ônibus informou que desde 2010, os usuários deixaram de gastar R$ 2,9 bilhões e que, com as integrações do BUC, 14,8% das viagens são gratuitas. “O término do incentivo fiscal terá como consequência o fim do BUC”, alertou.
Ex-chefe do Detro no Rio
Ontem, o ex-presidente do Detro, Rogério Onofre, suspeito de receber R$44 milhões em propina, chegou ao Rio. Ele estava em Santa Catarina quando a operação Ponto Final foi deflagrada. Onofre foi levado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, mesmo endereço do ex-governador Sérgio Cabral, que teria levado R$ 122 milhões no esquema.
Além deles, estão em Benfica Jacob Barata Filho, maior empresário do setor, e Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor. Apontado como um dos chefes do esquema, José Carlos Lavouras não foi preso porque está em Portugal, onde mantém negócios na área de transporte.
São Silvestre é alvo da Decon
A Polícia Civil do Rio pegou carona na Operação Ponto Final da Polícia Federal. Ontem, agentes da Delegacia do Consumidor (Decon), da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli fizeram uma operação na empresa São Silvestre, no Santo Cristo. Na ação, os policiais constataram que 74 ônibus foram retirados das ruas por falta de conservação.
O delegado Ricardo Barboza, da Decon, destacou que a operação vai continuar em outras empresas e que as ações não estão relacionadas com a Operação Lava Jato. Em nota, a São Silvestre disse que nenhum ônibus foi lacrado nesta terça-feira. “A empresa reforça que sua frota está operando nas ruas de forma regular e o atendimento aos passageiros não foi prejudicado”, acrescentou.
Nota da Rio Ônibus
Em relação à matéria "Cinco empresas da Operação Ponto Final atuam na cidade" (5/7), o Rio Ônibus informa que a empresa Real citada no texto é a Expresso Real Rio, conforme apontado na página 32 da petição do Ministério Público Federal. O esclarecimento é importante para diferenciar a Expresso Real Rio, que opera linhas intermunicipais, da Real Auto Ônibus, que opera apenas linhas municipais e não é investigada.