Rio - Moradores do Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, relataram momentos de pânico na comunidade na noite deste domingo. De acordo com o Centro de Operações Rio, a Linha Vermelha precisou ser interditada por volta das 20h30 por causa de uma operação policial, deixando motoristas no meio do fogo cruzado. Muitos se abrigaram no 22º BPM (Maré) que fica na via expressa. O batalhão da PM chegou a ficar sem luz por cerca de 30 minutos durante o tiroteio, deixando ainda mais assustados quem buscava proteção.
A PM fez uma operação na Favela Nova Holanda, na Maré, após manifestantes fecharem a Avenida Brasil em protesto contra o desaparecimento de dois jovens que moram na favela. Nas redes sociais, os internautas relataram muitos tiros principalmente no Parque União e na Nova Holanda. "Estamos em guerra", disse um deles. "O tiroteio está muito alto aqui na Maré. Que Deus nos proteja", completou mais um. "A violência não tem fim", lamentou outro morador.
Em vídeos na Internet, eles mostraram ainda que motoristas tiveram que sair dos carros para se proteger na Linha Vermelha. A via só foi liberada às 21h, mas chegou a ser fechada novamente e reaberta 40 minutos depois.
Manifestantes bloqueiam Avenida Brasil
Moradores do Complexo da Maré protestaram, no fim da tarde deste domingo, contra o desaparecimento de dois jovens. De acordo com parentes, Henrique Silva e o outro amigo, identificado apenas como Cleidson, foram vistos pela última vez, por volta das 19h de quinta-feira, quando saíram para passear de moto. Testemunhas contaram que a dupla teria sido levada por traficantes para a comunidade Vigário Geral,dominada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP). No entanto, a família de Henrique diz que as informações ainda estão confusas.
"Ainda não sabemos o que aconteceu. Meu sobrinho é grande, tem dois metros de altura. Ele mora com uma outra tia, irmã do pai, que tem diabetes. Nenhum dos dois levou celular", contou uma tia de Henrique, que preferiu não se identificar. Inicialmente, a PM havia informado que os desaparecidos, moradores da favela Nova Holanda, eram menores de idade, mas Henrique tem 19 anos.
A família registrou o caso na Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA). "Estamos desesperados. Não aguentamos mais. A mãe dele não consegue dormir, mas temos esperança de encontrá-lo", destacou a tia.