Rio - Autoridades, celebridades e organizações de defesa dos direitos da população LGBT no Rio de Janeiro se manifestaram contra a liminar judicial que autoriza psicólogos a estudar e aplicar terapias de "cura gay". A prática havia sido proibida pelo Conselho Federal de Psicologia em uma Resolução de 1999. A decisão de um juiz, em um caso no Distrito Federal movido por psicólogos, não suspendeu a resolução, mas determinou que o Conselho interprete a medida de forma a não proibir esse tipo de terapia.
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro chamou a decisão de retrocesso: "São tentativas de transformar em doença a diversidade sexual, e de usar a Psicologia para legitimar discriminação disfarçada de ciência. Representa uma violação de direitos humanos e não tem embasamento científico".
Para Marcelle Esteves, presidente da ONG LGBT Grupo Arco-Íris, a medida pode ser o primeiro passo para a perda de outros direitos: "Um menor LGBT que dependa dos pais, por exemplo, pode acabar forçado a se submeter a uma terapia como essa. Não existe cura para o que não é doença". Ela garante que os movimentos vão se organizar contra a medida: "Atos, protestos, abaixo-assinados, petições, vamos fazer tudo o que for possível para repudiar".
O Coordenador Especial da Diversidade Sexual do município, Nélio Georgini, também se manifestou contra a liminar: "Não cabe mudar algo construído em 1999, conquistado com muito caminhar. O Estado foi desproporcional e medíocre", criticou.
O Programa Rio Sem Homofobia, do governo estadual, se manifestou pelo Facebook: "Trate o seu preconceito", diz uma publicação, lançando uma campanha com a hashtag #AmarÉParaTodxs.
Nas redes sociais, dezenas de famosos, como Gretchen, Ivete Sangalo, Valesca Popozuda e Anitta, também repudiaram a decisão, usando a hashtag #HomofobiaÉDoença. Pabllo Vittar, cantora drag queen, resumiu em sua publicação: "Não somos doentes!".
Um abaixo-assinado no site Petição Pública, em repúdio à decisão, já conta com mais de 180 mil assinaturas.
Reportagem da estagiária Nadedja Calado, sob supervisão de Claudio de Souza