Rio - A Polícia Militar abriu um inquérito para apurar a possível participação de policiais no deslocamento de criminosos do Morro do São Carlos, no Estácio, para a Rocinha, no último final de semana. Cerca de 100 criminosos entraram no horário de mudança de turno da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que dura cerca de 20 minutos.
Com posse dessa informação, eles se depararam com somente 50 PMs nas bases. Além disso, a corporação quer saber por quais vias os traficantes entraram na Rocinha e se teriam se deslocado pelas ruas da cidade sem terem sido importunados por policiais ou se já estavam na mata.
O Inquérito Policial Militar é aberto somente quando há fortes indícios de crime por parte de policiais militares. Procurado, o major Ivan Blaz, porta-voz da corporação, disse que “o objetivo é entender o que de fato houve e se algo por parte dos policiais concorreu para a tentativa de invasão”. O oficial descartou que policiais da UPP Rocinha estejam envolvidos.
“Temos como muito claros os esforços da UPP para impedir a invasão, que sabemos, não se concretizou”, completou o major Blaz. Ontem, o secretário de Segurança, Roberto Sá, voltou a dizer que houve falha na prevenção do policiamento. “Cobrei do comandante e ele está investigando qual foi a falha”, declarou Sá.
?Estado pede Exército nas ruas, mas ministro recua
Enquanto a população do Rio sofre com a escalada da violência, os governos estadual e federal não se entendem. Ontem, às 19h, a Secretaria de Segurança anunciou no seu Twitter que pediu o patrulhamento das Forças Armadas em 103 pontos do Rio. O pedido foi feito um dia após o ministro da Defesa, Raul Jungmann, ter oferecido a ajuda em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na terça-feira. "O exército vai atuar fazendo cercos de comunidades se necessário, vai fazer patrulhamento nas ruas se for necessário, fará varreduras de presídios se for solicitado", declarou o ministro.
A cúpula de segurança passou o dia ontem reunida debatendo, então, os pontos da cidade que mais necessitam de reforço no patrulhamento. O DIA apurou que no documento enviado ao governador Luiz Fernando Pezão, o secretário de Segurança solicitou o Exército nas vias expressas, como Linha Vermelha e Avenida Brasil, além da presença dos militares no entorno das comunidades com altos índices de criminalidade como Chapadão, Lagartixa e Pedreira, na Zona Norte.
Um outro item pedia o "pronto emprego de tropas em comunidades em risco de confronto", mesmo com índices não tão altos de crimes. Nesse caso, a Rocinha seria contemplada com tropas do Exército no seu entorno, por exemplo.
O ministro, mesmo antes de receber o documento, vetou a ajuda, em declaração à GloboNews. Após uma hora da negativa, ele voltou atrás e disse que irá analisar o pedido.
O coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), afirmou que "as Forças Armadas estão prontas para o patrulhamento caso o ministro autorize".
A reunião ocorrida na Secretaria de Segurança não contou com a participação de representantes do Exército, a exemplo do que ocorreu nas outras três operações conjuntas.
No anúncio do pedido do patrulhamento, a Secretaria de Segurança relembrou indiretamente a declaração do ministro de que não faltava verbas para operações. "Após a @DefesaGovBr [Ministério da Defesa] expressar a inexistência de qualquer limitador financeiro ou operacional para emprego das Forças Armadas no RJ. A @SegurancaRJ [Secretaria de Segurança] enviou um ofício ao @GovRJ [Governo do Estado] solicitando o patrulhamento das Forças Armadas em 103 pontos da Região Metropolitana do RJ", escreveu.
Na sexta, o CML disse que esperava por verbas, por isso as operações conjuntas estavam suspensas. Jungmann, no entanto, negou a falta de recursos.