Por adriano.araujo

Rio - A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) realizou, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra uma quadrilha especializada que comprava ingressos com dados de cartões clonados e revendia. Quatro mandados de prisão foram cumpridos, todos no Rio, e 12 de busca e apreensão, inclusive em São Paulo. A ação contou com o apoio do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, do Tribunal de Justiça do Rio. Somente no sócio-torcedor do Flamengo, o prejuízo é de aproximadamente R$ 1 milhão.

As prisões aconteceram em Campo Grande e Realengo, na Zona Oeste, em Marechal Hermes, na Zona Norte, e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A quadrilha comprava os ingressos online com dados de cartões clonados. Em seguida, os vouchers eram adulterados para a retirada dos ingressos, que eram revendidos ao público. Eram fraudados ingressos de partidas de futebol, shows e eventos culturais, como o Rock in Rio.

Jonatas Ribeiro Santiago%2C chefe da quadrilha%2C Fabiano Baiense Fonseca%2C 38%2C Marcos Renan Maia da Silva%2C 22%2C e Hugo Luiz da Silva Ribeiro%2C 32%2C foram presos nesta quartaMontagem sobre divulgação

No Rio foi preso Jonatas Ribeiro Santiago, 19 anos, o mentor das fraudes. Outro líder da quadrilha foi apreendido em São Paulo na semana passada e tinha apenas 16 anos. Ele era um dos líderes da fraude e confessou participação no esquema na delegacia, conforme antecipou o Bom Dia Rio, da TV Globo. O adolescente vai responder em liberdade por fato análogo a estelionato e associação criminosa.

De acordo com a delegada Daniela Terra, titular da DRCI, a compra de ingressos na mão de cambistas alimenta este tipo de crime. "Quem compra ingresso com cambista fomenta este tipo de indústria e pode amanhã ser vítima ao ter o seu cartão clonado. Esses caras fazem toda a fraude, desde a compra de dados de vítimas que tem os cartões clonados. Comprou com cambista, amanhã você pode ser vítima", disse.

Prejuízo de R$ 1 milhão no sócio-torcedor do Flamengo

Fabiano Baiense Fonseca%2C um dos integrantes da quadrilha%2C foi flagrado retirando ingressoDivulgação

Uma das grandes frentes de fraude da quadrillha eram as partidas de futebol. Somente do sócio-torcedor do Flamengo o prejuízo causado pela quadrilha é de aproximadamente R$ 1 milhão. O clube denunciou a fraude há seis meses à polícia. 

A quadrilha criava perfis falsos para o sócio-torcedor com dados de cartões clonados. Eram adquiridos ingressos dos mais altos planos. Após o ingresso ser comprado, o voucher com os dados da vítima da clonagem era adulterado e colocado o nome de integrantes da quadrilha, todos cambistas, que eram responsáveis pela retirada dos ingressos. As entradas para os jogos eram vendidas virtualmente, nas redes sociais, e em último caso nos locais das partidas.

A quadrilha também fraudava ingressos para shows, eventos culturais e vouchers de sites de compra coletiva. Segundo a DRCI, ingressos para o Rock in Rio também foram adquiridos pelos criminosos.

Em nota, o clube agradeceu o "empenho e a competência da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, através de sua Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), e do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, que acabam de desarticular uma das maiores quadrilhas de falsificação de ingressos para jogos de futebol e shows no Brasil."

O Flamengo reforçou que a prática é alimentada por quem compra ingressos na mão de cambistas, o que prejudica o clube e pessoas que tem os seus dados clonados para a prática criminosa. 

"Para evitar que a indústria da falsificação prospere e se prolifere há um personagem com papel fundamental: o torcedor. Ao comprar ingressos de cambistas, o torcedor causa prejuízos ao clube e alimenta uma cadeia de clonagem de cartões que prejudica muitos inocentes", diz o posicionamento oficial. 

A instituição disse que seguirá reforçando o controle e segurança na venda de ingressos, além de colaborar com as autoridades para que responsáveis por este tipo de crime sejam punidos. 

'Cambismo virtual'

Jonatas é apontado pela polícia como o mentor da quadrilha e o responsável pela criação do sistema de fraude. Segundo a DRCI, ele é um hacker especialista em burlar sistemas considerados seguros. Na sua casa foi encontrado um computador avaliado em R$ 8 mil, com seis gigasbytes somente de dados usados nas fraudes. Com o aumento da demanda, ele recrutou o adolescente apreendido em São Paulo.

Também foram cumpridos mandados de prisão contra Fabiano Baiense Fonseca, 38 anos, Marcos Renan Maia da Silva, 22 anos, Hugo Luiz da Silva Ribeiro, 32 anos. Eles eram os responsáveis pela retirada dos ingressos com os vouchers. 

A sofisticação da quadrilha impressionou a especializada, que investigava o grupo há pelo menos cinco meses. "Uma das maiores associações criminosas voltadas para o cambismo que já vimos", contou a delegada Daniela Terra.

De acordo com Terra, 50 dados de cartões de crédito de vítimas usados nas fraudes são vendidos em comunidades de hackers por R$ 1.500.  As investigações seguem para identificar outros possíveis integrantes da quadrilha e dados contidos nos computadores apreendidos serão analisados.


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