Por thiago.antunes
Rio - O ex-governador Sérgio Cabral declarou ontem, ao juiz Marcelo Bretas, que nunca recebeu propina e que o dinheiro pago a ele por empresas era para caixa 2 de campanhas. No discurso, ele pediu desculpas à população pelo uso desses valores em causa própria. A audiência faz parte do processo que investiga o pagamento de recursos pela empreiteira Carioca Engenharia.
"Eu nunca recebi propina da Carioca Engenharia nem de empresa nenhuma. Foi recurso de campanha. Eu peço desculpas à população por ter feito uso de caixa 2, que era uma prática, e de ter feito uso pessoal de caixa 2 e das sobras. O que estou afirmando ao senhor (Bretas), ao povo do Rio de Janeiro, e ao povo brasileiro, é que eu não pedi propina", explicou Cabral.

Questionado por Bretas sobre o motivo de todos os ex-assessores e empresários envolvidos na Operação Lava Jato afirmarem que ele recebia vantagens, o ex-governador disse que isso se tornou uma prática para os delatores obterem vantagens em seus processos. "Basta apontar o dedo para mim e dizer que foi propina, que ganha o prêmio da delação", completou.

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Antes de Cabral, foi interrogado o ex-secretário de Obras Hudson Braga, que negou ter recebido propina da Carioca Engenharia. Ele admitiu apenas ter levado vantagens no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Manguinhos, pela Andrade Gutierrez. Depois foi chamado Wilson Carlos, ex-secretário de Governo de Cabral, que preferiu ficar em silêncio.
O advogado do ex-governador, Rodrigo Roca, disse não ter esperança de absolvição de Cabral nos processos sob responsabilidade de Bretas, mas confia em reverter a situação nas instâncias superiores. "A verdade tem que aparecer em alguma hora. E a verdade é que era dinheiro de sobra de campanha, não existia uma orcrim (organização criminosa), e o ex-governador não tem nada a ver com isso. Os delatores estão mentindo em benefício próprio", sustentou Roca, na saída do tribunal.