Moradores deixam suas casas com medo da violência, segundo publicação em rede social - REPRODUÇÃO FACEBOOK
Moradores deixam suas casas com medo da violência, segundo publicação em rede socialREPRODUÇÃO FACEBOOK
Por Bruna Fantti e Martha Imenes

Rio - Moradores de um bairro em Iguaba Grande denunciam ameaças feitas por traficantes de drogas. O motivo: a ajuda oferecida a policiais militares que realizam patrulhamento na região. O medo é tanto que alguns, residentes do local há 50 anos, resolveram se mudar. As fotos da mudança já circulam nas redes sociais.

"Tudo começou quando um policial militar passou a receber ameaças. Então, uma viatura da PM ficou baseada na rua durante a madrugada. Então passamos a dar um café, uma água aos policiais", contou um morador, que pediu para não se identificar.

A Polícia Civil informou que moradores ainda não registraram ocorrência sobre as intimidações. No entanto, de acordo com o comandante do 25º BPM (Cabo Frio), o tenente-coronel André Henrique Oliveira Silva, "o delegado já identificou os autores da ameaça. E logo as prisões serão decretadas".

"Não fizemos boletim de ocorrência, pois estamos com medo de represálias", comentou outro morador. Segundo a vizinhança, uma idosa era a que mais ajudava os policiais. "Ela dava pão e até sopa para eles se aquecerem à noite dentro da viatura. Então, os traficantes falaram que ela seria morta". Uma foto que circula no Facebook, mostra a mudança da idosa, feita na sexta-feira.

A ousadia dos criminosos é tamanha que um ataque a casa de um policial militar foi registrado na troca de turno da viatura. "Eles pararam um carro e atiraram contra o muro da casa do agente. Por sorte, ninguém se feriu", disse uma moradora, que também não quis ter o nome divulgado.

Na mesma imagem que mostra o veículo com a mudança da idosa é possível ver a fachada da casa do militar cravada de buracos. Seriam marcas dos tiros de fuzil disparados pelos supostos traficantes, que, segundo moradores, pertencem à facção Comando Vermelho. "Acabou o sossego, não temos mais paz. Agora são roubos de celulares, invasão de domicílio, arrombamento de carros. Viramos reféns", lamentou uma jovem, que pediu anonimato.

Entre outras ações dos criminosos relatadas pelos moradores estão revistas corporais, agressões e ameaças, caso os residentes voltem a ajudar os policiais de alguma forma. Além disso, de acordo com a vizinhança, o tráfico de drogas foi instalado na região. Os moradores cobram um posicionamento do 25º BPM para reforçar a segurança. "Estamos correndo risco de vida", completa um morador. Questionado sobre o patrulhamento, o comandante do 25º BPM informou que "o policiamento segue reforçado".

Policial foi sequestrado e morto
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Casos de violência na Região dos Lagos, principalmente em Iguaba, ficaram mais em evidência em abril deste ano, quando o cabo da PM Antônio Carlos de Moura, de 33 anos, foi sequestrado, torturado e morto por traficantes após ser identificado como policial. O militar era lotado no Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).
Dois dias depois, policiais da 118ª DP (Araruama) prenderam Paula de Azevedo Esteves Souza, a Tia, acusada de participar da morte do cabo Moura. Segundo a polícia, ela teria informado os traficantes sobre a presença do policial na Rua 28 de Setembro e os levou até Moura.
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O corpo do cabo foi encontrado pouco antes de uma hora depois, próximo ao veículo incendiado. "Foi uma covardia o que fizeram com o Moura. Não temos mais o direito de visitar nossos familiares porque colocamos a vida de todos em risco", disse um policial, que pediu anonimato.
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