Rio - Um motorista de aplicativo foi preso, sob acusação de assalto à mão armada, no Centro do Rio. Familiares e amigos, porém, asseguram que o suspeito não cometeu o crime. E garantem que vão reunir provas para inocentá-lo. Antonio Carlos Rodrigues Junior, de 43 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo na sexta-feira, quando foi levado para a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat) sob a alegação que participou de um roubo ocorrido dentro de prédio onde funcionam escritórios do Consulado Geral da Venezuela, em junho. A vítima, inclusive, é cônsul-geral adjunta.
Segundo familiares de Antonio, inicialmente, um dos envolvidos no roubo foi preso. A polícia teria chegado até Antonio Carlos através de fotos publicadas no Facebook, onde haveria uma imagem dele com o criminoso durante um Carnaval. Prw, como é conhecido pelos amigos, toca em vários blocos da cidade durante a festa momesca.
Assista vídeo que mostra ação dos bandidos que roubaram cônsul
Segue o vídeo, inocente trabalhador do UNER, segue em presídio, reconhecimento pela a polícia feitas em Fotos de Facebook... lamentável !@LeiSecaRJ @JusticaGovBR pic.twitter.com/F59Ka4zJ8Q
— Julio Cesar (@playdorio) 17 de julho de 2018
Ainda segundo parentes e amigos, vídeos do circuito interno do prédio, na Avenida Presidente Vargas, mostram que Antonio Carlos e o ladrão procurado "são completamente diferentes". Entretanto, a cônsul-geral adjunta do Rio, vítima do assalto, o reconheceu como um dos criminosos que a abordou no elevador. O primeiro homem preso disse que Antonio não era o seu comparsa e teria até dado um outro nome para identificar o ladrão. Porém, ainda segundo familiares, a versão teria mudado no inquérito.
"Pegaram uma foto dele de óculos e dizem que é ele, mas até quem não conhece vê que uma pessoa não tem nada a ver com a outra. Agora preto e careca é tudo igual? Só porque ela é cônsul vira lei? Ninguém te ouve, sai prendendo. Tem muito equívoco nisso. A cônsul foi lá e reconheceu, mas a delegada já estava com a filmagem, e ele ali, pessoalmente. É um absurdo, é notório que eles não são a mesma pessoa", critica Leonardo Ribeiro, irmão de Antonio.
Leonardo é professor de capoeira, mora em Maricá e largou tudo para acompanhar de perto o caso. A mãe dos dois ainda não sabe da prisão de Prw "Ela mora em Maricá e nem passamos a situação para ela ainda, porque o desespero vai ser maior", contou.
Uma advogada acompanha o caso e tenta através do aplicativo conseguir a rota que ele fazia no momento do crime para, junto das imagens, pedir o habeas corpus de Antonio. Um abaixo-assinado também é feito por amigos para comprovar a sua idoneidade. O caso, inclusive, já tem dezenas de compartilhamentos em redes sociais como Facebook e WhatsApp.
Os vídeos, compartilhados na Internet, mostram que o roubo ocorreu às 14h05. Às 13h35, Prw teria enviado sua rota para a esposa, o que costuma fazer, mostrando que estava em Manguinhos, na Zona Norte do Rio. Ele foi transferido nesta segunda-feira para a Cadeia de Benfica. Segundo o irmão, ele está devastado.
"Ele está muito nervoso pela injustiça. Vamos levantar a rota dele no dia 6 de junho (dia do crime) para juntar ao pedido de soltura, além das várias fotos comparando com o assaltante", contou.
"Meu Deus, faça misericórdia, que dor horrível saber que uma pessoa que a gente gosta está sofrendo. Meu amigo não é bandido, ele sempre foi honesto e trabalhador. Justiça dos homens pode ser falha, mas o Senhor é único. #SomosTodosAntonioCarlos", diz uma das postagens em defesa do preso.
Procurada desde segunda-feira para explicar as circunstâncias do caso e se posicionar sobre as denúncias da família e amigos, a Polícia Civil disse apenas que "a investigação está sob sigilo". A reportagem ligou para Valéria Aragão, titular da Deat, mas ela não retornou às ligações. O DIA também entrou em contato com o Consulado da Venezuela no Rio, mas ainda não obteve resposta.