Campanha contra a exploração sexual e do  trabalho infantil é realizada na Ceasa, em Irajá - Estefan Radovicz/Agência O Dia
Campanha contra a exploração sexual e do trabalho infantil é realizada na Ceasa, em IrajáEstefan Radovicz/Agência O Dia
Por O Dia

Rio - A direção da Central de Abastecimento do Estado do Rio (Ceasa), em Irajá na Zona Norte, em parceria como a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), fez nesta terça-feira uma ação de conscientização com comerciantes, permissionários, funcionários e frequentadores do mercado, sobre a necessidade de mobilização para que seja evitado e denunciado todo e qualquer tipo de exploração sexual e trabalho infantil nas instalações do complexo e também em todo o seu entorno. Seguranças que trabalham na Ceasa foram treinados para identificar casos.

No segundo maior entreposto hortifrutigranjeiro do país, já passaram por lá entre 1º de dezembro e hoje 50 mil pessoas por dia. Segundo a direção da unidade, esse entra e saí de pessoas é um ambiente propício à exploração sexual e o trabalho infantil.

"O objetivo é sensibilizar para que esses crimes não acontecem dentro e no entorno do centro de abastecimento", lembra Allan Borges, chefe de gabinete da Ceasa. "Não existem registros formais sobre esses tipos de crimes. Entretanto, o fato de não aparecer não significa que não exista. Dentro dos entrepostos isso ocorre silenciosamente", completou o porta-voz.

Com o apoio da SMASDH, todos os vigilantes da Ceasa foram treinados para identificar possíveis aliciadores à exploração sexual e ao trabalho infantil e denunciarem à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCVA). "Identificamos que dentro e no entorno existem crianças que são aliciadas à exploração sexual e ao trabalho infantil", lembra Edilene Gonçalves, diretora do Núcleo de Proteção Social Especial de Média Complexidade da SMASDH. "O objetivo é sensibilizar a população em geral em relação a esse tipo de crime", completa Edilene.

Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), em 2015, havia 2,7 milhões de crianças e adolescentes trabalhando irregularmente no país. Já dados do Ministério da Saúde mostram que nos últimos seis anos o número de casos de exploração sexual cresceu 83% no Brasil, que pulou de 13.378 em 2011 para 23.456 ao longo de 2017.

"Vemos muitas crianças aqui dentro pedindo algum tipo de ajuda e até se propondo em fazer algum trabalho em troca de algum dinheiro. É muito comum", lembra um empresário que pedi anonimato.

"Esperamos com essa iniciativa aumentar os níveis de proteção social das crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco. Queremos identificar pontos de intervenção e enfrentar o trabalho infantil e a exploração sexual dessas crianças, para que possamos traçar o perfil e implementar medidas protetivas com encaminhamento não só delas, mas de seus familiares para os centros sociais. A exploração sexual e o trabalho infantil escravo de crianças, são crimes que precisam ser combatidos diariamente", salientou Aguinaldo Balon, presidente da Ceasa.

A medida desta terça-feira tem como finalidade conscientizar e principalmente coibir práticas de exploração que vulnerabilizam socialmente os territórios e as famílias residentes do entorno do mercado. A ação contou com a participação de 73 profissionais da Ceasa e da SMASDH que distribuíram material informativo para os usuários do mercado.

Você pode gostar