Uma das principais referências do bairro da Lapa, a Praça da Cruz Vermelha sofre com o abandono - Luciano Belford/ Agência O Dia
Uma das principais referências do bairro da Lapa, a Praça da Cruz Vermelha sofre com o abandonoLuciano Belford/ Agência O Dia
Por Aline Cavalcante

Rio - Conhecida como bairro de boemia da Zona Central do Rio de Janeiro, a Lapa possui uma grande variedade de bares, restaurantes, boates e pubs temáticos que atendem a todos os gostos. É também um dos principais pontos turísticos da cidade. Mas, longe do glamour experimentado por turistas e frequentadores da região, moradores sofrem com problemas diariamente. Alagamentos, falta de limpeza, assaltos e a constante presença de moradores de rua fazem parte da rotina.

A comerciante Maria Andreia, 60, tem um bar na Avenida Mem de Sá há 25 anos, numa das principais vias do bairro, e já perdeu as contas de quantas vezes seu estabelecimento ficou alagado. "A água vai até o joelho quando chove, é sempre um transtorno. Além de ter que limpar tudo quando o nível baixa, eu já perdi freezer mais de uma vez".

O porteiro Thiego Cândido, 27, por sua vez, já teve que dormir no trabalho por conta dos alagamentos. "Fiquei ilhado, a água não baixava, e não consegui voltar para casa". Para João Martins, 39, falta limpeza e lixeiras instaladas ao longo das ruas: "O cheiro de urina é normal por aqui. Temos que andar com lixo nos bolsos porque não tem lixeiras". "Está sempre muito sujo. Tem lixo e mau cheiro sempre", concordou Apolônio Gomes, 33.

Abandono

O comerciante Paulo Henrique, 45, diz que o bairro está abandonado. "Está uma vergonha. Sofremos com a falta de segurança, alagamentos e sujeira". A segurança preocupa também Luis Carlos, 42. "É comum rolar brigas nos bares e na rua e não há policiamento suficiente", diz.

Morador da Rua do Lavradio, Ricardo Moreira, 42, reforça: "Tem que aumentar o número de policiais, aqui tem muito assalto". Em um dos pontos que faz limite com o Centro, na Praça da Cruz Vermelha, a presença de moradores de rua afasta frequentadores. "Fico com medo e até evito circular por aqui", afirma Magna Lucia, 53.

A Secretaria de Estado de Governo afirmou que 90 agentes do Lapa Presente atuam na região de domingo a quinta-feira, de 19h às 3h, e sextas e sábados, de 21h30 às 6h30.

A Comlurb informou que a rotina de limpeza na Lapa está normal e que o serviço de varrição é diário com limpeza das caixas de ralo sempre que necessário. Reforçou ainda que a coleta domiciliar acontece de segunda a sábado, e a seletiva no bairro, aos sábados. E que há inclusive contêiner metálico em algumas áreas para comportar o lixo. A companhia esclareceu que muitas papeleiras são retiradas por conta de furtos e atos de vandalismo.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos disse que faz ações todos os dias na região para realizar o acolhimento de moradores de rua, mas afirmou que o trabalho não pode ser feito de maneira compulsória.

 

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