Rio - A Polícia Civil tem provas de que os assassinos da vereadora do Psol Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Pedro Gomes, fazem parte dos quadros da Segurança Pública do Rio. Ocorrido em 14 de março de 2018, o crime teria sido cometido por servidores da ativa e outros que já foram excluídos. Segundo fontes do governo, os criminosos fazem parte do grupo conhecido como 'Escritório do crime' e agiram nos moldes da Deep Web, zona da internet onde o usuário tem mais facilidade para manter o anonimato e, assim, cometer crimes.
Os assassinatos completem dez meses na segunda-feira. Policiais ouvidos pelo DIA acreditam que uma solução esteja próxima. A Delegacia de Homicídios (DH) da Barra da Tijuca já colheu dezenas de depoimentos, inclusive de alguns policiais militares que deram detalhes sobre a atuação do grupo envolvido. O principal testemunho foi de um oficial da PM.
Os policiais sabem que havia três homens no carro Cobalt prata clonado usado pelos assassinos no dia do crime: o motorista, um carona e outro homem no banco de trás, que efetuou os disparos contra Marielle e Anderson.
Um dos suspeitos de ser o mandante do duplo homicídio é o vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele já prestou depoimento três vezes e, em todas as ocasiões, negou qualquer envolvimento. Apesar disso, continua sendo investigado. Marielle e Anderson foram assassinados quando passavam à noite pelas ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, no limite entre os bairros Estácio e Cidade Nova, na região central do Rio.
Em dezembro, o general Richard Nunes, então secretário de Segurança na Intervenção Federal, disse, em entrevista ao jornal "Estado de São Paulo, que o crime contra Marielle Franco foi cometido por milicianos, motivado por ela ser uma ameaça a negócios de grilagem de terras na Zona Oeste.
Mais rapidez
O intuito da polícia é de que as investigações ocorram de forma mais rápida daqui para a frente. Para isso, o novo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo Nunes, designou um responsável para trabalhar exclusivamente no caso. A tarefa está nas mãos do atual Chefe da DH-Barra, delegado Giniton Lages. Outros dois novos delegados e cinco investigadores irão dar apoio.
"Determinei prazo. O que posso dizer é que o caso está caminhando e do jeito que estou esperando", disse Antônio Ricardo. "Não quero que ande. Quero que (a elucidação do crime) voe. Só que, para isso, ele (Giniton) cuidará exclusivamente da apuração", informou o diretor do DGHPP, que não quis comentar as informações obtidas pelo DIA sobre os novos suspeitos."Não queremos adiantar porque o caso está sob sigilo", disse.
O objetivo agora é reunir o maior número de provas contra o mandante e contra os executores para que suas defesas não tenham brecha para conseguir uma possível liberdade assim que os suspeitos forem presos.
Assassinos de Marielle agiram nos moldes do Deep Web
Os acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes atuam nos moldes da Deep Web, ou seja, agem de maneira mais sofisticada, usando a tecnologia na tentativa de dificultar o trabalho da polícia, ao contrário de outros criminosos, que costumam até usar as redes sociais mais populares e são conhecidos e procurados pela polícia.
Os recursos tecnológicos, muito diferentes dos utilizados pelos bandidos comuns, foram um dos maiores obstáculos para os policiais, o que fez estender o tempo de apuração do crime. Apesar de agir dessa forma mais elaborada, não se sabe se os assassinos de Marielle e Anderson foram contratados pela Deep Web.
Deep Web é uma expressão da língua inglesa que significa internet profunda. Trata-se de uma zona da rede mundial de computadores que não pode ser detectada facilmente pelos tradicionais motores de busca. Garante-se, assim, privacidade a quem quer cometer crimes. Os mais comuns são aqueles relacionados a pedofilia. Mas há também agiotas e assassinos.
Em outras palavras, a Deep Web é formada por sites, fóruns e comunidades que costumam debater temas de caráter ilegal e imoral. Para ter acesso, é necessário conhecer códigos secretos. O anonimato é garantido por meio de softwares. Por isso, é chamada de 'internet invisível'.
Secretaria é extinta antes do prazo
O governo do estado anunciou nesta sexta-feira que a Secretaria Executiva do Conselho de Segurança Pública será extinta a partir de segunda-feira, antecipando, assim, as mudanças estruturais previstas para ocorrerem após seis meses do início do novo governo. As atribuições da pasta serão repassadas para as secretarias da Polícia Militar e da Polícia Civil.
A transição será coordenada pela Secretaria da Casa Civil e Governança. Roberto Motta, atual secretário do Conselho de Segurança Pública, será nomeado assessor especial do Gabinete do Governador.