Carla ainda entrou em luta corporal com assassino, que foi preso - Arquivo Pessoal
Carla ainda entrou em luta corporal com assassino, que foi presoArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO e THUANY DOSSARES
Rio - Duas mulheres foram assassinadas em menos de 24 horas na Zona Oeste do Rio. Uma delas, Carla Cristina de Oliveira Freitas, 20 anos, foi vítima de feminicídio, na Gardênia Azul, na tarde desta quarta-feira. O outro caso, contra Ana Carolina Palmeira da Silva, 35, aconteceu na madrugada desta quinta, na Muzema, e a polícia ainda investiga as motivações do crime.
De acordo com testemunhas, Ana Carolina, que trabalhava vendendo roupas, teria sido morta a facadas pelo marido, com quem estava casada desde novembro de 2013. O casal tem um filho de apenas um ano. O corpo da vendedora foi retirado do local no fim da madrugada e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de São Cristóvão.
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Ana Carolina deixou a Rocinha há cerca de um ano para morar na comunidade do Itanhangá. "Ela era muito conhecida, uma pessoa maravilhosa, muito feliz, muito animada. Só tenho coisas boas para falar dela", conta a social media Merynha Sorriso, 41, de quem a vendedora alugou uma loja para vender roupas quando morava na Rocinha.

"Ele nunca prestou, já estava escrito. Quem conhecia sabia que esse caso nunca iria para frente, porque esse rapaz não prestava, só queria o que ela tinha", conta uma amiga, que não quis se identificar. "Não sei porque ele fez isso com ela, foi ele quem fez isso com ela, quem é amiga sabe... ela largou tudo por ele e deu nisso".
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A Polícia Militar informou que agentes do 31º BPM (Recreio) foram chamados e estiveram no local da morte da Ana Carolina. Lá, eles encontraram a vendedora já em óbito e levaram um suspeito, que ainda não foi identificado, para a Delegacia de Homicídios da Capital (DH), que investiga o caso.
Já a Polícia Civil se limitou a dizer que foi instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias da mote da mulher. "Diligências em andamento em busca de testemunhas e imagens", a secretaria disse, em nota, sem esclarecer a detenção do suspeito.
Carla Cristina de Oliveira Freitas morre na frente dos filhos - Arquivo Pessoal
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MORTA NA FRENTE DOS FILHOS
O assassinato na Gardênia Azul aconteceu na comunidade Chico City por causa de uma briga de som alto. Na ocasião, a atendente Carla Cristina de Oliveira Freitas  foi com os filhos, um de cinco e o outro de dois anos, reclamar do volume que vinha da casa de Alison dos Santos Pereira. Familiares da mulher dizem que  Alison não gostou de ser chamado a atenção e, irritado, chegou a jogar uma lata contra ela. Por pouco, o objeto não acertou um dos meninos.
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Pouco tempo depois, o homem invadiu a casa de Carla Cristina e a atacou com uma faca. Para tentar se defender e proteger os filhos, a atendente também pegou uma faca e entrou em luta corporal com o vizinho.
Alison foi ferido no pescoço e socorrido pelo Corpo de Bombeiros no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde está preso custodiado. Já a mulher não resistiu aos ferimentos.
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"As crianças viram tudo, elas estavam almoçando, e quando ele chegou armado, minha filha teve que reagir, até para defender os meninos", conta o pai de Carla, o pedreiro José Carlos dos Santos Freitas. "Ele matou minha filha dentro da casa dela, na frente dos meus netos. O meu neto mais velho é autista, então, ele não fala sobre isso. Agora, o mais novo me falou uma coisa que me cortou o coração; ele disse 'vô, mamãe teve que pegar a faca para matar o bicho'".
O pai de Carla Cristina, o pedreiro José Carlos dos Santos Freitas, lamenta a morte da filha - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
'BURACO NO PEITO'
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A atendente era tida como divertida e de uma alegria contagiante pelos familiares e vizinhos. Todos na comunidade estão cochados com a barbaridade do crime. 
"Agora tudo acabou, vou ter que levar a vida com esse buraco no peito, esse vazio que ela deixou. Eu sempre pedi a Deus que me levasse primeiro, eu não queria nunca ter que enterrar um filho. Só peço a Deus que a família de ninguém passe pelo que nós estamos passando nesse momento", desabafou José Carlos.
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Os familiares de Carla contam que Alison estava incomodando os vizinhos com o som alto há vários dias. Segundo eles, o homem já tinha sido advertido por várias pessoas, mas ignorou as reclamações.
"Que Deus dê a oportunidade desse homem viver para se arrepender dos erros dele. Porque nada que alguém fizer hoje vai tirar essa dor da angústia", o pai da vendedora lamenta.
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De acordo com a Polícia Civil, a prisão de Alison aconteceu em flagrante. Ele vai responder pelo crime de feminicídio. Se condenado, pode pegar até 30 anos de prisão.