Número de sepultamentos voltou a subir no Rio - Felipe Carvalho
Número de sepultamentos voltou a subir no RioFelipe Carvalho
Por Karen Rodrigues*
Rio - Os números de sepultamentos por covid-19 na Região Metropolitana do Estado do Rio voltaram a aumentar. Segundo dados da Prefeitura do Rio, até o dia 9 de dezembro, nos 21 cemitérios da cidade do Rio, nos treze cemitérios públicos e oito privados, já foram registrados 481 enterros pela doença. Em Niterói, segundo município do estado com maior número de casos confirmados, até o dia 10 de dezembro, foram 53 sepultamentos por covid-19 nos três cemitérios municipais. Enquanto em São Gonçalo, terceiro na lista de casos no estado, a cidade registrou 76 enterros em novembro nos quatro cemitérios do município.
Rio de Janeiro
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O Rio já registra 151.341 casos confirmados e 13.922 óbitos pela covid-19. Ao todo, são 7.331 sepultamentos pelo covid-19 desde o início da pandemia na cidade.
Confira os números de enterros no município:
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Março: 19
Abril: 718
Maio: 1886
Junho: 1039
Julho: 516
Agosto: 462
Setembro: 665
Outubro: 665
Novembro: 880
Dezembro: 481 (até o dia 9)
Niterói
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A cidade de Niterói, que contabiliza 20.687 e é a segunda cidade com maior número de casos do novo coronavírus no estado do Rio, teve, no período de 1 a 10 de dezembro, 53 sepultamentos pela doença, nos três cemitérios municipais. Segundo a Secretaria de Obras (SMO) de Niterói, em outubro, foram realizados 40 sepultamentos e, em novembro, foram 41 de pessoas confirmadas com covid-19.
São Gonçalo
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O terceiro município com maior número de casos de covid-19 no estado do Rio, São Gonçalo registra 17.248 mil casos confirmados pela doença. De acordo com informações da Prefeitura da cidade, em novembro, foram 76 sepultamentos pelo novo coronavírus. Enquanto em outubro, foram 41 e, em setembro, foram 49 enterros confirmados pela doença.
Aumento no número de sepultamentos era previsível
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A médica geriatra Roberta França, que atua na linha de frente no combate à covid-19, explicou que a alta nos números de mortes e sepultamentos já eram esperados.
"O aumento das mortes de covid já era mais do que esperado e aguardado, aliás, desde quando Mandetta era nosso ministro da saúde, ele já falava que se nós não tivéssemos um plano de contingência, um plano de ação adequado, que nós chegaríamos a mais de 180 mil mortos em dezembro de 2020, e ele não errou na previsão dele. A gente não faz distanciamento social, a gente não deixa de aglomerar, tudo foi aberto em uma fase que nunca poderia ser reaberto, cinemas, bares, restaurantes. Além de tudo, as pessoas insistem em não usar máscaras ou usar máscaras que nada protegem, como máscara de tricô, e além de tudo usar máscaras onde não devem usar, como no queixo, menos cobrindo a boca e o nariz. Então, a gente sabia que o número de mortes ia aumentar, e consequentemente, o número de sepultamentos", afirmou.
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A pesquisadora em saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde do COPPEAD/UFRJ e Membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, concorda que estes dados não surpreendem e a tendência é piorar.
"O aumento do número de casos de óbitos, o aumento de mortes no nosso estado e no nosso país não surpreende. Na verdade, a morte é a última linha de uma linha de eventos que começam na disseminação de covid. O que a gente está vendo é um novo aumento muito importante e consistente no aumento de número de casos de covid, sem que haja uma medida, um trabalho de conscientização da população, um exemplo das lideranças suficiente e capaz de diminuir a velocidade de disseminação da doença e essa tendência de um aumento de número de casos que é consistente. Enquanto os casos aumentam, vamos ter maior internações, e quanto mais internações, maior o número de pessoas que precisam de assistência de unidade de terapia intensiva que podem complicar e levar a óbito. Mas o pior e mais cruel são aquelas pessoas que não conseguem nem acessar o cuidado, a assistência hospitalar, e morrem por falta de assistência. O fato é que se nada for feito, os números continuarão nessa subida", explica.
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A pesquisadora lembra que a população precisa se cuidar e seguir as orientações de proteção contra a doença, assim como as autoridades públicas e políticas.
"As medidas importantes partem do indivíduo ter a consciência de que precisa usar máscara, lavar as mãos e não aglomerar, e principalmente, dos altos executivos, das esferas governamentais executivas e das pastas de saúde e de educação, para que passem de maneira correta essa mensagem para as pessoas, através do exemplo, e que possa haver medidas restritivas há aglomeração de pessoas, fiscalizações rigorosas em relação às medidas que já sabemos mas não conseguem ser implantadas, principalmente, onde existe um maior número de pessoas aglomeradas, sem os cuidados devidos, que a gente tem visto em grandes eventos, em bares, em restaurantes e em praias lotadas. Cabe ao poder público estar presente em todos esses pontos, para fazer ações de conscientização, mas também de punição, de cobrança por uma fiscalização presente e efetiva, porque se não a conta está chegando e continuará em número de mortes e pessoas que nós não poderemos resgatar", conclui a especialista.
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Rio bate 359 mil casos de covid-19
A Secretaria de Estado de Saúde do Rio atualizou, nesta segunda-feira, os dados da pandemia da covid-19 em todo o estado. Segundo a pasta, são 359.165 casos confirmados e 23.740 óbitos por coronavírus. Nas últimas 24h, 18 pessoas morreram e 768 foram infectadas. Há ainda 446 óbitos em investigação e 2.402 foram descartados. Entre os casos confirmados, 359.165 pacientes se recuperaram da doença.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes