Marcela foi agredida na madrugada de sábado - Arquivo Pessoal
Marcela foi agredida na madrugada de sábadoArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Ao ver as paredes do quarto sujas de sangue, a balconista Marcela Marinho, de 18 anos, se lembra dos momentos de terror que passou na madrugada de sábado, dentro da própria casa, em Duque de Caxias. A jovem diz que estava dormindo quando foi acordada com vários socos e chutes dados pelo ex-marido, Yan Gouvea, 25. O motivo de tanta violência? Ele não aceitava o fim do relacionamento de mais de três anos.
"Ele sempre foi agressivo, falava que eu o desobedecia por causa de ciúmes, que não gostava de certas roupas que eu usava, que eu ficava muito nas redes sociais, reclamava das minhas amizades, que a minha irmã não podia me visitar...", Marcela enumera a lista de reclamações de Yan, que ficaram comuns a partir do sexto mês de casados.
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O ciúme doentio fez com que Yan invadisse a casa da mulher, por volta das 4h de sábado, e a agredisse violentamente na frente da filha de dois anos do casal. Além dos socos e pontapés, ele chegou a tentar usar uma faca de mesa, que quebrou quando ia esfaqueá-la. Um martelo também foi usado contra as penas da jovem. A agressão a deixou com um nariz quebrado e quatro pontos na sobrancelha.
"Ele me enforcava e eu desmaiava. Isso falando que eu estava levando a nossa filha para casa de homem, que eu só saía para ficar com homem, que se eu não fosse dele, não seria de mais ninguém e que iria tirar a minha filha de mim", Marcela lembra dos momentos de terror nas mãos do ex.
A balconista ficou bastante machucada - Arquivo Pessoal
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Enquanto isso, a filhinha deles assistia a tudo, de dentro do mesmo quarto, horrorizada. A jovem relata que a pequena chorava muito, pedindo para que o pai parasse.
"Quando ele viu que eu já não estava aguentando mais, fez eu vestir a minha filha e a levou embora. Ela ficou toda suja de sangue, tanto que o casaquinho dela ficou todo ensanguentado", lamenta, dizendo que a menina foi "resgatada" pela mãe no dia seguinte.
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Agredida, Marcela pediu ajuda aos vizinhos, que a levaram para um posto de saúde da região. De lá, policiais a levaram para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (Saracuruna). Hoje, com o rosto todo inchado, ela aguarda uma melhora no nariz para saber se vai precisar operá-lo.
Marcela foi atendida no Hospital de Saracuruna após ser agredida - Arquivo Pessoal
No domingo, a balconista procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias para prestar queixas contra o ex-marido. De acordo com a titular especializada, a delegada Fernanda Fernandes, Yan vai responder pelo crime de tentativa de feminicídio.
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"Ele está sendo procurado para que a gente possa ouvi-lo. Também pedimos medida protetiva e cautelar para a Marcela", conta a delegada. "O caso é grave, mas infelizmente é muito comum em investigações da Deam de Caxias".
Marcela não imagina onde o ex possa estar e espera que ele seja encontrado o quanto antes. Por enquanto, além das marcas físicas, ficaram as feridas psicológicas.
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"Estou traumatizada, porque nem dentro da minha casa estou conseguindo ficar direito. Quando entro em casa, lembro de tudo. Olho para as paredes cheias de sangue, dentro do quarto, e começo a chorar. É difícil", relata.