Um gato é vacinado na campanha do ano passado: ação de 2019 está suspensa
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Um gato é vacinado na campanha do ano passado: ação de 2019 está suspensa Reprodução da internet
Por MARIA INEZ MAGALHÃES
Por falta de doses de vacina antirrábica, o Rio não terá a campanha anual de vacinação gratuita em animais contra a raiva, que acontece em setembro. O Ministério da Saúde, responsável pela distribuição das doses, informou que houve problemas na produção da Vacina Antirrábica Canina e que elas serão enviadas assim que a produção for normalizada, o que está previsto para novembro.
Mas segundo a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses do Rio (Subvisa), responsável pela vacinação nos animais, esse prazo é curto para viabilizar uma campanha tão grande. Uma dose da vacina em clínicas veterinárias particulares custa a partir de R$ 45. A meta da campanha para este ano era vacinar 500 mil animais no município do Rio.
Em 2017, a prefeitura imunizou 468 mil cães e gatos (um aumento de 550% em relação a 2016), e 442 mil em 2018. A raiva é uma zoonose que mata, causada por um vírus que acomete mamíferos, inclusive o
homem, e é transmitida principalmente por meio da mordida de animais infectados.
O ministério informou que a campanha será realizada em estados e municípios que registraram casos de raiva em cães, áreas consideradas de maior risco epidemiológico. E o Rio não registra casos em humanos há 33 anos.
Por isso, o ministério admitiu que a ação no Rio terá que ser reprogramada. A informação chega ao mesmo tempo em que a Câmara dos Vereadores aprovou a frequência de cães nas areias das praias, desde que estejam vacinados e vermifugados. O projeto vai para a sanção do prefeito Marcelo Crivella.
A Subvisa, que imuniza animais contra a raiva o ano todo em seus centros de controle de zoonoses, informou que o estoque para fazer a imunização em cães e gatos só dura até o fim de setembro. Graças a um excedente da campanha do ano passado e mais dez mil doses que recebeu há quatro meses do governo do estado. Este ano, 14 mil cães e gatos foram vacinados pela Subvisa.
“Eu levo todo ano as minhas cadelas para vacinar na campanha. Onde eu moro, pago R$ 60 em cada vacina e é caro. Mas, este ano, vou ter que pagar porque não tem como deixá-las sem vacinar”, disse a estudante Nathália Leandro Gama, de 21 anos, que tem Lola e Maya.
Quem também a aproveita a imunização gratuita é a auxiliar administrativa Alexandra de Sousa Hazan Ribeiro, de 23 anos, tutora de Cristal, de 12. “Eu vacino a minha cachorra em campanha, agora terei que pagar porque não tem condições de deixá-la sem vacina. Ela já está com 12 anos, Deus me livre de ficar doente agora”.
A distribuição das vacinas é feita pelo Ministério da Saúde para os estados, que enviam as doses aos municípios, que são os responsáveis por vacinar os animais. Segundo a pasta, atualmente, o Brasil encontra-se próximo à eliminação da doença causada por vírus canino da Variante 2.

Infectologista alerta para riscos de volta da raiva
Para o infectologista Edmilson Migowski, a falta da campanha anual de vacinação gratuita contra a raiva em animais é temerosa. Segundo ele, é devido à imunização que o Rio não registra casos da doença há três décadas.
“A interrupção dessa vacinação pode fazer com que esse cenário mude, e vai ser muito ruim considerando que a raiva é uma doença 100% letal. E a forma de fazer a prevenção é vacinando cães e gatos e isso tem que ser mantido”, disse ele, alertando que as doses têm que ser dadas periodicamente.
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"A vacinação em cães e gatos deve ser periódica porque, com o passar dos meses, o nível de anticorpos vai caindo e o animal pode ficar novamente vulnerável à raiva. E a maneira mais eficaz de prevenir a doença é com vacinação não só em massa, mas também em campanhas regulares feitas de acordo com a orientação do Ministério da Saúde”, explicou Migowski, lembrando que morcegos também podem transmitir a doença. “Morcegos já foram isolados no Rio de Janeiro portando o vírus da raiva. E morcegos se nutrem de sangue de animais, como cachorro, gato, gado e outros. Aí, você tem a possibilidade de animais adoecerem e transmitirem esse vírus aos seres humanos ou a outros animais”, explicou o infectologista.

Ministério diz que Rio não pediu vacinas
O Ministério da Saúde informou que o estado do Rio não solicitou doses da antirrábica este ano. A pasta adquire e distribui, por ano, aproximadamente 30 milhões de doses da vacina. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou “que a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde esclareceu que o Ministério da Saúde definiu que serão mantidos, no âmbito nacional, estoques estratégicos para bloqueio de foco dos casos de raiva em cães e gatos”.

Onde vacinar
A Vigilância Sanitária do município oferece imunização gratuita em suas unidades de zoonoses e ações regulares como a campanha “Se liga, bicho! Raiva é caso sério”, e o programa Prefeitura Mais Perto de Você.
Veja os endereços:
- Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, na Avenida Bartolomeu de Gusmão 1.120, em São Cristóvão.
- Centro de Controle de Zoonoses, no Largo do Bodegão 150, em Santa Cruz.
- Mais informações em rio.rj.gov.br/web/vigilanciasanitaria/a-subvisa