Jogador de futebol morre após ser atingido por bala perdida na Pavuna
Emerson Conceição levou um tiro na nunca quando chegava em casa, na comunidade Final Feliz, no Complexo da Pedreira
Emerson tinha 26 anosArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Um jogador de futebol de 28 anos morreu, no início da noite desta quinta-feira, depois que foi atingido por uma bala perdida, na Pavuna, na Zona Norte do Rio. De acordo com familiares, Emerson Conceição da Silva estava chegando em casa depois do trabalho, por volta das 18h, quando foi baleado na nuca, na comunidade Final Feliz, no Complexo da Pedreira. Ele teira sido atingido durante uma perseguição entre PMs e bandidos na região.
"A esposa e um vizinho socorreram ele e o levou para a UPA de Costa Barros", conta Vera Lúcia, 31, prima de Emerson. "Ele ainda chegou com vida, mas não resistiu".
Publicidade
Moradora da Penha, também na Zona Norte, Vera contou que foi rapidamente à UPA assim que soube da morte do primo. Ao chegar lá, encontrou com outros parentes, que também estavam desolados.
"Muito tristeza... tava todo mundo lamentando. Demorou cair a ficha, porque a gente vê (a violência) na televisão, mas nunca acha que isso está próximo da família da gente", Vera lamenta.
Emerson foi jogador de futebol - Arquivo Pessoal
Publicidade
'FUTEBOL, TRABALHO E CASA'
O presidente da Associação de Moradores da Avenida Pastor Martin Luther King Jr., Carlos André do Nascimento, 39, disse que Emerson era um um rapaz calmo e que chegou a se preparar para participar de edições da Taça das Favelas representando o Complexo da Pedreira.
Publicidade
"A vida do menino era futebol, trabalho e casa", destaca Carlos André. "Ele participou dos treinamentos para a competição, mas acabou não competindo".
Carlos André diz que os confrontos entre policiais e bandidos são frequentes na Final Feliz e que a comunidade está "abandonada".
Publicidade
"A comunidade não tem nada. É uma comunidade que nunca teve obras, cai árvore toda hora, um descaso muito grande e isso é muito triste. A comunidade está realmente com uma dificuldade muito grande", o presidente da associação de moradores reclama.
Emerson Coelho - Arquivo Pessoal
CLUBE LAMENTA
Publicidade
Emerson também trabalhava há três meses na Central de Abastecimento do Rio (Ceasa), no Irajá, e atualmente jogava futebol em times amadores. Em 2015, ele fez parte da equipe do Clube Atlético Meritiense (CAM), de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Lá, ele era conhecido como Tafarel.
"Descanse em paz jogador. É com muita tristeza que informamos o falecimento de Emerson Coelho (Tafarel). Tafarel passou pelo Meritiense no ano de 2015. Nossos sentimentos a todos os familiares e amigos", o clube lamentou, em seu perfil nas redes sociais.
Publicidade
O jovem era casado há cerca de cinco meses e também jogou no Real Esporte Clube, de Água Santa.
Em nota, a Polícia Militar disse que houve uma perseguição policial no momento em que Emerson foi baleado. De acordo com a secretaria, equipes do 41º BPM (Irajá) estavam patrulhando as imediações da Rua Catão quando viram criminosos assaltando motoristas que estavam parados em um semáforo da região.
Publicidade
"Os indivíduos roubaram dois veículos e empreenderam fuga. Os policiais realizaram um cerco tático e, próximo ao Complexo da Pedreira e Final Feliz, na Av. Martin Luther King Junior, os agentes foram alvo dos criminosos. Houve confronto. Os indivíduos conseguiram fugir", informou a PM, dizendo que momentos depois, os agentes foram informados de que uma pessoa baleada deu entrada na UPA de Costa Barros.
A investigação do caso é feita pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Publicidade
"Familiares foram ouvidos e equipes da delegacia realizam diligências em busca de testemunhas e câmeras de segurança que possam auxiliar nas investigações", a Polícia Civil disse, em nota.
Emerson Coelho - Arquivo Pessoal
CINCO VÍTIMAS
Publicidade
Em apenas três dias, o Rio teve cinco pessoas vítimas de bala perdida. O caso do jogador Emerson foi o único fatal.
No Rio Comprido, ainda na terça, Elaine Cristina Melo, 37, foi atingida no pescoço enquanto trabalhava na Trans Cidade Transportes Especializados. Ela foi levada ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, e recebeu alta nesta quinta.
