Aos gritos de "Não vai ter censura", o grupo marchou no Pavilhão Verde, onde parte dos agentes havia se reunido.
Escritora, Marcela Passos foi uma das organizadoras da manifestação. Ela é autora de um livro sobre pastores evangélicos que praticam a homossexualidade em segredo. "A literatura incomoda muita gente. O prefeito devia se preocupar com uma escola municipal que está há dois dias sem merenda", criticou ela em referência a uma unidade onde há falta de gás.
A decisão suspende a liminar obtida pela organização da Bienal 2019, nesta sexta-feira, que impedia as autoridades de buscar e apreender obras em função de seu conteúdo.
No decisão deste sábado, o desembargador "ressalta não se tratar de ato de censura, mas reputa ser inadequado que uma obra de super-heróis, atrativa ao público infanto-juvenil a que se destina, apresente e ilustre o tema da homossexualidade a adolescentes e crianças sem que os pais sejam devidamente alertados, com a finalidade de acessarem informações a respeito do teor das publicações disponíveis no livre comércio, antes de decidirem se aquele texto se adequa ou não a sua visão de como educar seus filhos".
Na quinta-feira, o prefeito Marcelo Crivella determinou que a história em quadrinho "Vingadores - A Cruzada Das Crianças" fosse recolhida da Bienal, por mostrar duas pessoas do mesmo sexo se beijando.
O livro é a 66ª edição da coleção Graphic Novels Marvel e foi lançada em 2016. Algumas páginas do HQ, mostram dois personagens gays em momentos de carinho; em uma delas, eles estão se beijando. A edição mostra heróis do universo Marvel mais jovens.
Após as críticas do prefeito, as vendas do quadrinho dispararam e seus exemplares se esgotaram em menos de 40 minutos.
Em nota, a Bienal do Livro informou que vai recorrer da decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Rio no Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de garantir o pleno funcionamento do evento e o direito dos expositores de comercializar obras literárias sobre as mais diversas temáticas.