Por Bruna Fantti
Rio - A  Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) já apreendeu 7.762 celulares de janeiro a agosto
deste ano, dentro de unidades prisionais. O número representa um aumento de 53% nas apreensões do tipo, já que, no mesmo período do ano passado, foram encontrados 5.076 aparelhos com os presos.
Em uma das operações realizadas pela própria Seap, intitulada Iscariotes, em alusão ao apóstolo traidor
de Jesus, 13 inspetores penitenciários foram flagrados tentando entrar com objetos ilícitos nas cadeias, incluindo celulares. A ação ocorreu no mês passado.
Publicidade
Os celulares apreendidos são encaminhados para delegacias da região. No entanto, desse total, a própria
Seap ficou com 300 unidades para análise do setor de inteligência. Segundo a pasta, a ideia é tentar analisar conversas entre presos sobre possíveis fugas ou identificar facilitadores da entrada desse material.
Para o promotor André Guilherme Freitas, que atua na Execução Penal, além de impedir a entrada de celulares é necessário aumentar a punição para os presos flagrados com os aparelhos. “Tem que responsabilizar de forma severa os presos que sejam surpreendidos com os celulares, como também terceiros que tenham colaborado com esse ingresso, sejam visitantes ou servidores públicos. É urgente uma
mudança legislativa para que esse tipo de conduta não seja tida mais como de menor potencial ofensivo, como é atualmente, e que seja considerado crime também a posse desses aparelhos dentro da unidade prisional”, afirmou.
Publicidade
O promotor também defende que seja dada uma solução permanente para a destruição dos celulares, que ficam nas delegacias, esperando decisão judicial para a destruição. “Isso pode facilitar que retornem à ilicitude”, apontou. “O grande problema talvez seja achar que o celular é um objeto inofensivo, porém dentro da cadeia é um instrumento capaz de tirar muitas vidas e levar ao terror os cidadãos, pois através deles os marginais emitem ordens de dentro da prisão, além de continuarem a gerenciar seus nefastos
negócios criminosos”, avaliou.
Em nota, a Seap afirmou que tem investido em tecnologia para inibir a entrada dos aparelhos. “Outro reforço de segurança nas unidades prisionais foi o uso dealta tecnologia. Foram adquiridos três drones que estão sendo utilizados nas operações e fiscalizações. Além disso, a Seap inaugurou na última semana o mais moderno centro de monitoramento de unidades prisionais do país no Complexo do Gericinó, em Bangu, com um investimento de R$ 28 milhões”.