O foco de Laíla é conseguir classificações melhores para a agremiação insulana - Luciano Belford/Agência O Dia
O foco de Laíla é conseguir classificações melhores para a agremiação insulanaLuciano Belford/Agência O Dia
Por Luana Dandara

Foram 23 anos consecutivos de relação do diretor de Carnaval Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, com a Beija-Flor. Entre dezenas de títulos, o profissional, de 76 anos, levou a comunidade de Nilópolis para dentro da quadra e tornou a escola uma potência. Dois anos depois de deixar a Azul e Branca, faz um caminho semelhante na União da Ilha e deixa claro: quer brigar pelo título do Grupo Especial.

"Com o maior carinho, montei a Beija-Flor, e foi difícil. Hoje é aquela potência. A Ilha também tem contingente para isso. Cheguei aqui sem medo, a responsabilidade é minha e do meu povo", diz ele, que começou na agremiação em maio de 2019.

Os ensaios na quadra já reúnem de mil a 1,5 mil pessoas, sempre com o olhar atento de Laíla. "Nossa chamada foi forte, desde o primeiro dia a casa fica cheia. É um trabalho que sempre fiz de tentar arregimentar, com reuniões e palestras. E o povo está acreditando no que vê, sabe que não vamos desfilar pra brincar. A comunidade vai se destacar pela emoção", destaca o diretor.

O foco de Laíla é conseguir classificações melhores para a agremiação insulana, que nos dois últimos anos ficou em 10º lugar. "A Ilha está na zona de rebaixamento. Para ficarmos no Especial, temos que brigar com as grandes escolas".

Sobre a saída da Beija-Flor, após perder protagonismo com um novo comando na escola, Laíla opta por falar pouco. "De mágoas é melhor não falar. Mas da comunidade só guardo gratidão", finaliza.

Presidente da escola: apoio

Segundo Laíla, o enredo 'Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salve-se quem puder!' foi escolhido mediante as necessidades da Ilha. "Procuramos um Carnaval em que não se gaste muito. E a favela é a arquitetura mais bela da cidade. É um assunto sério que vamos tratar em um momento de alegria", explica.

E com 60 anos de Carnaval, o diretor deixa claro que tem pulso firme: "As pessoas tentam vender uma imagem muito ruim do Laíla, não é assim. Brigo para montar um Carnaval para ganhar. E não aceito ser mandado por quem entende menos do que eu".

O presidente da escola, Djalma Falcão, só tem elogios ao diretor de Carnaval. "Vi no Laíla a chance de progredirmos e isso está sendo feito. A escola vai entrar aprimorada para defender os quesitos", afirma.

Carnavalesco Fran Sérgio estreia na Azul e Vermelha

Outra grande mudança da Azul e Vermelha será nos carros alegóricos, que vão passar pela Sapucaí com grandiosidade. Uma das alegorias é acoplada e outra tem 16 metros de altura. "É um barracão de primeira qualidade. A comunidade diz que nunca teve um barracão como esse, mas também preciso de um chão que a Ilha nunca teve", cobra Laíla.

E como não poderia ser diferente, o diretor de Carnaval levou seu fiel escudeiro, o carnavalesco Fran Sérgio, 48 anos, para a Ilha. "O enredo conta muito da história do próprio Laíla, que viveu a evolução da comunidade carente no Salgueiro. Será um desfile original", detalha Fran.

Críticas sociais, como a falta de segurança e saúde, também estarão presentes e prometem dar uma nova cara para a agremiação. "Mas claro que terá alegria, a festa na laje. Isso o carioca não perde", diz o carnavalesco, que é morador de Nilópolis e começou na ala das crianças da Beija-Flor. "Se estou aqui, é porque o Laíla me ensinou. Ele não é uma pessoa fácil, cobra, é rígido. Mas me transformou no profissional que sou hoje. Ele pensa à frente", enfatiza.

Carnavalesco da União da Ilha, Fran Sergio acompanha o mestre Laíla há 26 anos em carnavais - Luciano Belford

Fran acredita que a Ilha desfilará com garra. "Lembra muito o trabalho que ele fez na Beija-Flor, de colocar o componente para desfilar com sangue nos olhos. Todas as fantasias serão doadas, houve um chamamento dos morros da região. É uma grande mudança", conclui.

Escola já sonha com vitórias

Na quadra da União da Ilha, na Cacuia, Laíla virou quase celebridade. Ao passar pelos componentes, são comuns os pedidos de fotos com o diretor.

A moradora Mônica Artiles, de 50 anos, vai desfilar pelo primeiro ano na escola. "Vim por causa do Laíla. Ele é o nosso diferencial, a escola precisa se recuperar. Ele olha tudo, é um gestor", diz ela. Suellen Fernandes, 38, por sua vez, veste a camisa insulana há cinco anos e fala das diferenças: "O Laíla trouxe uma bagagem, os ensaios mudaram bastante. Estamos sonhando com o título. Esse samba expressa nosso dia a dia".

Calendário

A partir de hoje, a Ilha divide seus ensaios entre a rua e a quadra. Amanhã, acontece, inclusive, o primeiro na Estrada do Galeão, a partir das 20h, em frente à quadra.

No dia 22 de janeiro, a escola faz ensaio interno (na Estrada do Galeão 322, Cacuia), também às 20h.

O calendário de rua segue nos dias 29 de janeiro, 5 de fevereiro e 12 de fevereiro, às 20h, todos no mesmo local.

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