Buraco com água parada chama atenção no Caju, na Zona Portuária - Renan Schuindt
Buraco com água parada chama atenção no Caju, na Zona PortuáriaRenan Schuindt
Por Lucas Cardoso e Renan Schuindt

Desde que foram iniciadas, em 2014, as obras para a construção do corredor Transbrasil geraram mais de R$ 730 milhões em prejuízo para os cariocas, segundo levantamento do Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ). Embora 80% dos recursos já tenham sido utilizados e a prefeitura diga que 90% das obras estejam concluídas, o funcionamento do serviço parece estar longe de acontecer. O DIA esteve em alguns pontos do trajeto da linha expressa e não encontrou operários trabalhando nos canteiros de obras.

O descontentamento da população, que já era grande, aumentou desde dezembro do ano passado, quando funcionários foram colocados em férias coletivas, adiando mais uma vez a entrega do projeto para junho deste ano.

O corredor, orçado em R$ 1,4 bilhão, deveria estar pronto em 2016. Enquanto a inauguração não ocorre, o cenário é de abandono. Na estação do Caju, por exemplo, há lixo acumulado, buracos com água parada e risco de assaltos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Construção Pesada do Rio, Nilson Duarte, afirma que os 1.300 funcionários da obra estão em férias coletivas até o dia 21 deste mês devido à dívida de R$ 138 milhões que o município tem com o consórcio, formado pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galzão e OAS.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação informou que "não há qualquer problema em relação ao repasse de verbas para as obras da TransBrasil, que seguem o cronograma normal. Cerca de 90% das intervenções foram concluídas no trecho entre Deodoro e o Terminal Rodoviária (75% se levarmos em conta os três terminais, que não estavam incluídos na primeira etapa da obra). Estão sendo construídas 18 estações, com o mesmo número de passarelas; duas pontes e quatro viadutos. A expectativa é que pelo menos 800 mil usuários por dia utilizem o BRT. Cerca de 1,5 mil funcionários trabalham no projeto. A obra foi licitada por R$1.416.999.380,46, sendo R$ 1.3 bilhão do Ministério das Cidades, à cargo da Caixa Econômica Federal. Cerca de R$ 1,2 bilhão foram gastos até agora".

Espera que não termina

Além de adiamentos no cronograma de obras, o TCM também levou em consideração, nos cálculos do prejuízo do projeto Transbrasil, os problemas enfrentados por moradores, comerciantes e motoristas que passam pela região.

"Tem quase dois meses que não vejo ninguém trabalhando aqui", desabafou João Francisco, de 65 anos. Severino dos Ramos, gerente do posto Rio Nova Parada, reclama que as obras impactaram até no movimento. "O fluxo (de clientes) caiu em torno de 70%. Tivemos que cortar metade dos funcionários", reclama.

"As interdições nas vias, as trocas de agulha de local e trânsito já são horríveis para quem dirige, mas o pior é a sinalização", acrescenta Paulo Santos, motorista de aplicativo que passa pela região diariamente.
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Colaborou a repórter Bruna Fantti
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