Cabo PM Rodrigo Neves é procurado por envolvimento na morte de Fernando Iggnácio - Alexandre Vidal/Flamengo
Cabo PM Rodrigo Neves é procurado por envolvimento na morte de Fernando IggnácioAlexandre Vidal/Flamengo
Por Aline Cavalcante
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) identificou a participação de um policial militar da ativa e apreendeu quatro fuzis usados no assassinato do contraventor Fernando Iggnácio, genro de Castor de Andrade, na tarde de 10 de novembro no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Três suspeitos de envolvimento no crime estão em processo de identificação. Já o cabo Rodrigo da Silva Neves está foragido e as armas foram encontradas na casa de sua companheira, que está sendo ouvida pela polícia. No início da noite, o Portal dos Procurados divulgou uma imagem de Rodrigo.
Em coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, foram apresentados quatro fuzis. Entre elas, duas armas que, segundo a polícia, foram utilizadas no homicídio de Fernando Iggnácio: uma FAL 7.62 e a outra AK-47. Assista ao vídeo dos materiais apreendidos:

"Esta resposta rápida deste crime, mostra a prioridade dessa gestão. O homicídio cometido à luz do dia é uma afronta ao estado de direito. As armas apreendidas, três suspeitos em processo de identificação e um identificado é uma demonstração clara de que o Estado é mais forte do que qualquer organização criminosa", disse o secretário de Estado de Polícia Civil, Allan Turnowski.
Publicidade
As investigações mostram que quatro pessoas participaram do crime: um motorista e outros três executores. Segundo Moisés Santana, diretor da DH da Capital, a análise de câmeras de segurança indicaram que o destino final do veículo foi em um condomínio em Campo Grande, que seria da companheira do PM envolvido, identificado como Rodrigo Silva das Neves, lotado no 5º BPM (Praça da Harmonia). Ele já teve a prisão temporária decretada. "A primeira arma foi encontrada no primeiro cômodo, assim que os policiais entraram no apartamento. As outras estavam nos quartos, em cima de armários. Ele já morou nesse local, mas não estava mais lá".
O delegado falou ainda sobre como chegaram aos suspeitos. "Logo após o crime, verificamos câmeras de segurança próximas ao heliporto e identificamos os criminosos saindo do terreno baldio ao lado. Refizemos o trajeto deles e identificamos o momento em que o carro entra em um condomínio". Assista ao vídeo
Publicidade
A polícia não descarta nenhuma linha de investigação e afirmou que detalhes da investigação estão sendo mantidos em sigilo. Rodrigo não estava sendo investigado por outros crimes e tem um único antecedente criminal por violência doméstica.
Fuzis
Publicidade
Dos quatro fuzis apreendidos, um deles deu positivo no confronto balístico. "Nós já temos a certeza absoluta que são os fuzis que foram utilizados, mas a gente precisa que o confronto balístico seja realizado. Duas das armas estão até com uma camuflagem usada para não serem vistos de cima ou para a vítima não ver a arma", afirmou Roberto Cardoso, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Além dos fuzis foram apreendidos coletes, sendo quatro com brasão da PM, uma farda com nome 'Neves', um uniforme de cabo da PM, boné e coturno, um distintivo e uma mira laser.
Publicidade
Reconhecimento do local
O delegado Moysés Santana, titular da DHC afirmou que há indícios de que os atiradores já sabiam onde ficava estacionado o carro de Fernando Iggnácio.
Publicidade
"Eles teriam ido sondar e fazer reconhecimento do local dias antes. Tudo indica que eles sabiam da dinâmica de Iggnácio, onde estava o carro e detalhes da chegada dele, não com precisão, mas sabiam". Ele informou ainda que os atiradores chegaram ao local da execução horas antes. "Os atiradores chegaram ao local por volta das 9h da manhã e a execução foi por volta de 13h15", salientou.
O crime
Publicidade
O contraventor voltava de uma viagem à Angra dos Reis, na Costa Verde, de helicóptero, e, ao desembarcar, foi atingido por vários tiros na cabeça quando caminhava em direção ao carro, ao lado da empresa Heli-Rio.
Antes de ser morto, Fernando Iggnácio seguiu à risca um hábito adotado sempre que viajava de helicóptero com a esposa Carmem Lúcia de Andrade Iggnácio, filha de Castor de Andrade, morto em 1997. Depois de voltar de Angra dos Reis (RJ), ele desembarcou sozinho, foi conduzido em um veículo elétrico até o estacionamento e deu os últimos passos até o seu carro após percorrer cerca de 100 m, onde foi baleado. Os atiradores estavam atrás de um muro, a menos de 5 m de distância da vítima. O bicheiro costumava descer do helicóptero da família sozinho e voltar de carro até a área da aterrissagem para buscar a esposa e a bagagem.
Publicidade
A mulher de Fernando Iggnácio estava no helicóptero com o marido, mas conseguiu escapar dos disparos. Carmem Lúcia de Andrade Iggnácio chegou a desembarcar da aeronave com o marido mas, quando ouviu os tiros, voltou correndo para o helicóptero, que decolou de novo e pousou em um condomínio no Recreio.