Morro de detritos e terra na área externa ao Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio
Morro de detritos e terra na área externa ao Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do RioArquivo pessoal/ Agência O DIA
Por Beatriz Perez
Rio - Crianças e adolescentes que utilizam o campo de futebol ao lado do Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, para brincar de bola ou soltar pipa têm que dividir o gramado com morros macabros, perigo de contaminação e odor. Desde que o cemitério entrou em obras, a terra escavada de túmulos antigos está sendo despejada em uma área externa ao terreno.
Moradores da comunidade conhecida como "Favelinha das Almas", vizinha ao cemitério, ficam expostos à terra com matéria orgânica como ossos e pele. A situação na unidade da Avenida Cesário de Melo, uma das principais de Campo Grande, já se prolonga por meses.
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A sede do Regimento de Polícia Montada (RPMont) e o 40º BPM (Campo Grande) ficam a cerca de 1 km do local. Um morador que pediu para não ser identificado diz que parte de uma área que era desfrutada pela comunidade foi cercada com ferros, e foi instalado um portão. O acesso a esta área ficou, assim, limitado à empresas de obras e caminhões.
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O ferro usado neste cercado é do mesmo material encontrado na cercania do curral do quartel, onde ficam os cavalos da polícia montada, que também fica na área.
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Nos morros de terra, que ficam na área externa do cemitério, os moradores encontram pedaços de ossos, crânios, pele, crucifixos, mármore e pedaços de túmulos, entre outros detritos do cemitério. O odor é forte e os moradores temem a contaminação por doenças, como a covid-19. "Às vezes, há até pedaços de corpos, mas os coveiros recolhem", diz um morador. Em um vídeo é possível ver homens trabalhando na obra junto a um caminhão próximo ao monte de dejetos.
Segundo a Subsecretaria de Conservação, a administração do cemitério já foi notificada para fazer a imediata retirada do material da parte externa do terreno e a manter a área da calçada limpa para a passagem dos transeuntes.
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A empresa Riopax informou que já está procedendo para a retirada do material na área. Em nota, a companhia afirmou que não vem "envidando esforços para melhorar a estrutura e modernizar os cemitérios por ela administrados". Veja a íntegra:
"Nós últimos anos a Concessionária Rio Pax não vem envidando esforços para melhorar a estrutura e modernizar os cemitérios públicos por ela administrados.

O cemitério de Campo Grande, após as obras, passou a ser referência na Zona Oeste, exemplo de modernidade e cuja melhoria nos atendimentos é visível.

Ocorre que para a realização destas obras nos deparamos com algumas situações de um cemitério secular e que por anos deixou de receber investimentos em obras.

A Concessionária esclarece que tal "terra" é proveniente do próprio cemitério e será usada na compactação do terreno para a construção de novas sepulturas.

Por fim, esclarecemos que a terra já foi realocada em local próprio.

Att. Diretoria Cemiterial Concessionária Rio Paz"