Louça se acumula na casa do jornalista Marco Sá, devido à falta de água  - Arquivo Pessoal
Louça se acumula na casa do jornalista Marco Sá, devido à falta de água Arquivo Pessoal
Por Bruno Gentile*
Rio - Em um cidade tropical e tão quente como o Rio, é praticamente impossível imaginar que pessoas possam viver sem água para sobreviver e se refrescar, ainda mais em plena pandemia de covid-19. Mas a realidade fluminense é dura e mostra que uma parte da população (cerca de 1 milhão de consumidores) é afetada constantemente pela ausência de abastecimento. Quem está sentindo na pele esse problema é o jornalista Marco Sá, de 34 anos, que mora perto da Praça Saens Peña, na Tijuca.
Ele conta que mora um prédio pequeno e, desde esta quinta-feira (26), tem passado por apuros por não conseguir fazer as tarefas básicas dentro de sua casa. "Eu estou sem água desde ontem no começo da tarde e meu edifício não tem um cisterna grande para economizar. A falta de abastecimento já é um transtorno em condições normais, mas em meio a uma pandemia, é um absurdo. Precisamos lavar as mãos e não temos como. Isso não pode mais acontecer", desabafa Marco.
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"É bastante complicado ter de gastar dinheiro para poder ter água. Aqui no prédio, tivemos quer resolver a situação temporariamente com um caminhão-pipa, o que representa mais um gasto no orçamento. Queria deixar claro a minha indignação com a má gestão da Cedae, que está complicando a vida dos moradores e atrapalhando o nosso dia a dia", completa.
O jornalista fez questão de enfatizar também como a falta de abastecimento por parte das empresas responsáveis influenciou na sua relação com a saúde, obrigando-o a sair de seu isolamento. "Estou de home office há um bom tempo e sempre fui acostumado a fazer minhas refeições aqui em casa. Como estou sem água desde ontem, acabo precisando sair de casa, em plena pandemia, me expor ao perigo e à contaminação, apenas para fazer o básico da minha rotina, como tomar banho. Me sinto mal de furar a quarentena", finalizou Marco.
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Assim como o jornalista, quem também está encontrando obstáculos no abastecimento de água é a professora de canto e cantora Katia Jorgensen, de 40 anos, moradora da Lapa, no Centro do Rio. Segundo ela, a cotidiano não tem sido muito fácil de enfrentar, mas aos poucos, com a ajuda dos vizinhos, o cenário vai melhorando.
"Minha rotina tem sido complicada, estou sem distribuição desde ontem e sei que alguns vizinhos aqui estão há uma semana nesse caos. O pior de tudo é o custo que a gente tem, porque acabo tendo que comprar e gastar dinheiro com um serviço que era para estar sendo provido à população, ainda mais no verão. O dia a dia está difícil e não é a primeira vez que a Cedae atrapalha a vida da gente", relatou a professora.
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"Hoje, por exemplo, para tentar resolver um pouco o problema, a síndica do meu prédio conseguiu construir um esquema de economia de água, para que os moradores consigam encher baldes e garrafas, levando cada um para sua casa. Não é o ideal, mas é o que pode ser feito. E o mais revoltante é não ter um retorno plausível da própria Cedae, estamos largados e abandonados", frisou.
A reportagem do O DIA procurou a Cedae, mas não obteve resposta.
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Falta de água começou há dias
Vários moradores da cidade do Rio e de Nilópolis começaram a reclamar, no último dia 19, de falta de água por conta de um reparo realizado pela Cedae. A companhia fez uma manutenção em um dos motores da Elevatória do Lameirão, conjunto de aparelhos responsável pelo abastecimento dos municípios.
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Em alguns locais onde a distribuição de água foi afetada, houve relatos de cor escura e cheiro ruim no líquido vindo pelas torneiras. A Cedae informou, na época, que, em decorrência da complexidade do conserto, a situação poderia levar de 20 a 25 dias para se normalizar.
No Rio, bairros da Zona Oeste, como Campo Grande, e da Zona Norte, como Ricardo de Albuquerque, Pavuna e Anchieta, foram prejudicados pela manutenção da empresa.
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Forte calor no fim de semana
Enquanto muitos consumidores de diversas áreas do estado do Rio sofrem por não poderem usar a água, o clima na capital fluminense promete não aliviar os cariocas neste fim de semana. Depois de alguns dias chuvosos, a temperatura máxima neste sábado (28) deve chegar a 34°C, e a mínima, a 20°C. A expectativa é que o dia fique ensolarado, mas com algumas nuvens. Não há previsão de chuva.
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Para este domingo (29), o cenário é semelhante. O calor seguirá forte e os termômetros devem atingir a máxima de 35°C, enquanto que a mínima fica por volta dos 18°C. A tendência é que o faça sol durante todo o dia e, à noite, não há risco de precipitações. 
*Estagiário sob supervisão de Gustavo Ribeiro