Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro.
Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro.Daniel Castelo Branco
Por Bernardo Costa
Mesmo após a extinção do processo no Tribunal de Justiça do Rio, em 15 de outubro, que obrigava o estado a manter em funcionamento os hospitais de campanha de São Gonçalo e do Maracanã, a Secretaria de Estado de Saúde continua tendo gastos com as duas unidades. Em um levantamento no Diário Oficial, é possível constatar que, desde aquela data, foram gastos, pelo menos, R$ 23,6 milhões em pagamentos retroativos a fornecedores e prestadores de serviço para as duas unidades. 
Os pagamentos se referem a serviços de infraestrutura, como locação de ar-condicionado e estruturas de engenharia e Tecnologia da Informação, a pagamentos por recrutamento de pessoal, alimentação de profissionais e pacientes e vigilância e higienização dos dois hospitais. 
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A unidade de São Gonçalo, que funcionava no bairro Estrela do Norte, no município da Região Metropolitana, foi totalmente desmobilizada. Já o Hospital do Maracanã continua com as estruturas de duas tendas montadas. Porém, boa parte dos equipamentos já não está mais no local, assim como os médicos e enfermeiros, que, segundo profissionais que atuam no local para manutenção, deixaram a unidade entre setembro e outubro. 
"Praticamente todos os equipamentos foram levados para outros hospitais. As duas tendas, A e B, agora só estão na carcaça. Só há os agentes de vigilância e algumas pessoas da Fundação Saúde", contou um dos profissionais que atuam na manutenção da unidade.
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Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro. - Daniel Castelo Branco
Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro.Daniel Castelo Branco
 
Nesta segunda-feira, o cenário no Hospital de Campanha do Maracanã era de abandono. Tendas vazias e com pedaços de madeira e outros objetos pelo chão, como mesas, ferragens e dutos de circulação de ar, além de paredes destruídas e mato alto no entorno das tendas. 
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Porém, segundo um dos fornecedores que ainda continua com equipamentos no Hospital do Maracanã estima que o grupo de empresas que atuou na montagem e aparelhamento das unidades de campanha ainda tenha a receber cerca de R$ 5 milhões do estado. 
Mesmo com a extinção do processo que determinava o funcionamento dos hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo, a Defensoria Pública e o Ministério Público estão recorrendo da decisão. Na petição, do último dia 10, os órgãos pedem que o processo seja retomado para que se busque o cumprimento do Plano de Compensação do fechamento dos leitos do Hospital de Campanha do Maracanã apresentado pelo governo do estado, que prevê abertura de 232 leitos em outros hospitais. 
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Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro. - Daniel Castelo Branco
Hospital de Campanha do Complexo do Maracanã fora de funcionamento em plena alta na onda de pessoas infectadas pelo Covid-19 no Rio de Janeiro.Daniel Castelo Branco
RESPOSTA DO ESTADO
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Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), os valores lançados no Diário Oficial são para o pagamento do Hospital de Campanha em vários períodos. A nota informa que a desmontagem da unidade do Maracanã está em andamento e vai terminar em breve. Nesta segunda-feira, diz a pasta, foram retiradas de caminhão as divisórias das tendas, que agora já estão totalmente livres.
"Já foram retirados todos os mobiliários e os equipamentos das tendas. Os fornecedores estão obedecendo à ordem de retirada previamente estabelecida. Com isso, já foram desmobilizados os equipamentos de climatização, a rede de gases, a rede hidráulica e as estruturas periféricas, como vestiário, refeitório e outras. Faltam apenas equipamentos de TI", diz a nota da SES.