Abandono: Hospital de Campanha do Maracanã não está funcionando em meio à alta de casos de covid-19 na cidade - Daniel Castelo Branco
Abandono: Hospital de Campanha do Maracanã não está funcionando em meio à alta de casos de covid-19 na cidadeDaniel Castelo Branco
Por Bernardo Costa
Do plano de compensação de leitos de covid-19 apresentado pelo governo estadual à Defensoria Pública e ao Ministério Público (MP) estaduais, para fazer frente à desativação do Hospital de Campanha do Maracanã - previsto para ser desmontado definitivamente no próximo dia 18 -, 65 leitos ainda não foram ativados na rede pública de saúde. 
O plano foi apresentado no dia 7 de outubro e previa a abertura de 177 leitos, distribuídos da seguinte forma: INI Fiocruz (18), Hospital Estadual Anchieta (3), Hospital Federal de Bonsucesso (4), Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (77), Hospital Universitário Pedro Ernesto (2), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (39) e Hospital São José (34).   
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Segundo a Defensoria Pública, até esta terça-feira, haviam sido abertos quatro leitos de UTI no INI Fiocruz, 20 leitos de UTI no Hospital Estadual Anchieta, 24 no Ronaldo Gazolla, 30 de UTI no Hospital Universitário Pedro Ernesto e 34 no Hospital São José - um total de 112 leitos.
"À época, o estado afirmou que o fechamento do Hospital de Campanha do Maracanã não importaria em risco à saúde da população no caso de um novo aumento de casos, pois os hospitais de referência e outras unidades municipais, estaduais e federais contavam com leitos em impedimento que poderiam se tornar operacionais em curto prazo de tempo a partir de negociação e apoio mútuo entre os entes envolvidos", disse a defensora pública Thaísa Guerreiro em resposta a O DIA, por e-mail. 
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Ela prossegue: 
"Mas o problema ainda é que, ao que parece, as projeções de necessidades de leitos também foram calculadas de forma errada... Afinal, hoje, a fila de UTI apenas na Região Metropolitana I está em 175 pessoas".
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PROCESSO NA JUSTIÇA
A informação do plano de compensação do estado diante do fechamento do Hospital do Maracanã aparece em petição do último dia 10, protocolada pela Defensoria Pública e MP como recurso à extinção do processo, no Tribunal de Justiça do Rio, em que os órgãos pediam a ativação de todos os leitos para o tratamento de covid-19 dos hospitais de campanha do Maracanã e do Riocentro. O processo foi extinto em 15 de outubro.
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Hospital de Campanha do Riocentro ainda não opera em sua capacidade total - Arquivo Pessoal
Hospital de Campanha do Riocentro ainda não opera em sua capacidade totalArquivo Pessoal
Os órgãos pedem que a decisão seja reconsiderada e processo retome seu curso para que, agora, sejam ativados todos os leitos do Hospital de Campanha do Riocentro e os que foram previstos no plano de compensação do estado diante do fechamento da unidade do Maracanã. 
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Sobre os leitos no Riocentro, a Defensoria Pública afirma que, nesta terça-feira, a plataforma da Secretaria municipal de Saúde apontava 233 leitos operacionais de enfermaria e 80 de UTI. 
"No Riocentro, a previsão era de 500 leitos no primeiro pico da pandemia (em maio): 400 de enfermaria e 100 de UTI", diz a defensora Thaísa Guerreiro. 
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RESPOSTAS
Em resposta aos questionamentos de O DIA, a Prefeitura do Rio diz que foi notificada, no último dia 10, e que tem até 30 dias para apresentar seus argumentos à Justiça. Já sobre os leitos no Hospital do Riocentro, a prefeitura disse que há 300 ativos, sendo 80 de UTI. E que, até o dia 29, a rede municipal abrirá mais 220 leitos. 
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A Secretaria de Estado de Saúde disse que houve aumento gradativo do número de leitos para atendimento de pacientes de covid-19 nas unidades estaduais. Segundo a nota, nesta terça-feira, a rede contava com 532 leitos no total, sendo 289 de UTI adulto, 235 de enfermaria, quatro de UTI pediátrica, dois de UTI neonatal e 2 de UTI obstetrícia. Com isso, prossegue o texto, o tempo de espera por um leito para tratamento da doença na rede estadual diminuiu e está em cerca de 14 horas para leitos de UTI e cerca de 16 horas para leitos de enfermaria. 
Sobre os demais leitos apresentados no plano de compensação, e que, segundo a Defensoria Pública, não foram abertos, no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (53), e nas unidades da rede federal: 14 leitos do INI Fiocruz, os quatro do Hospital Federal de Bonsucesso e os 30 no Clementino Fraga Filho, o governo estadual disse que os questionamentos deveriam ser enviados aos respectivos órgãos.  
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Sobre os leitos no Ronaldo Gazolla, a Prefeitura do Rio disse que a unidade tem hoje 306 leitos, sendo 126 de UTI, e que mais 30 leitos de UTI serão abertos nos próximos dias. "A RioSaúde já está fazendo os preparativos, o que inclui a contratação de profissionais", diz a nota.
Segundo o posicionamento, o número de leitos hoje no Hospital Ronaldo Gazolla é superior à capacidade original do hospital, que era de 269 e 18 de UTI.
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Já o Ministério da Saúde não respondeu aos questionamentos da reportagem.