Izabele Santiago - REPRODUÇÃO FACEBOOK
Izabele SantiagoREPRODUÇÃO FACEBOOK
Por Yuri Eiras e Karen Rodrigues*
Rio - Mais um caso de racismo desmascara o mito da democracia racial brasileira, onde brancos e negros convivem harmoniosamente. A professora Izabele Santiago denunciou, na última terça-feira (15), que foi vítima de racismo e agressão física no condomínio onde mora, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Uma vizinha a chamou de 'preta nojenta' e jogou o cachorro em cima da professora, que foi mordida pelo animal e precisou ir ao hospital.
Izabele registrou a agressão na 42ª DP (Recreio), e desabafou nas redes sociais. "Estava a esperar o elevador para subir ao meu andar quando um cachorro enorme, sem focinheira, sai latindo e me avança! No susto, eu gritei e pulei para fora do seu alcance. Ninguém imagina que um cachorro bravo sairia de dentro do elevador. A agressora diz, de forma grosseira, que por eu gritar o cachorro iria ficar mais nervoso. A minha única resposta foi: 'uai, levei um susto'. Nesse momento a agressora diz: 'e se falar mais alguma coisa eu jogo ele em cima de você, sua preta nojenta'", escreveu a vítima.
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"Eu entrei no elevador em estado de choque e disse 'gente, que absurdo'. As portas do elevador já estavam fechando quando essa criminosa voltou correndo, abriu a porta do elevador e jogou o cachorro em cima de mim! Pasmem: ela usou o cão como uma arma! Graças a Deus, a mordida não arrancou pedaço. Fui ao hospital, já me tratei. Fisicamente estou bem", completou.
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Professora antecipa mudança após episódio de racismo
O post na rede social foi um desabafo de Izabele sobre o caso e tomou grandes proporções, como a decisão de sair do condomínio imediatamente, antes do prazo previsto, somente daqui a um mês. A vítima relatou ficar triste e indignada com a situação, mas não quis expor a vizinhança e foi direto para a delegacia denunciar.
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"Uma pessoa que te ataca dentro do elevador, com câmera, com tudo, o que ela não faz fora? Toda vez que o elevador para no terceiro andar, meu coração já palpita. O meu sentimento é de indignação, tristeza e reflexão. A minha pergunta é aonde nós, como sociedade, estamos errando. Era uma garota nova, bonita, com uma situação financeira boa, que age dessa forma. A minha indignação é contra o ser humano. Eu não tive nenhum pedido de desculpas formal, da pessoa ou da família da pessoa, nem chegaram a falar comigo. A menina continua andando com o cachorro como se nada tivesse acontecido, é o tipo de pessoa soberba que acha que nada vai acontecer, não tem nada, faz o que quer”, disse.
Antes de conseguir fazer a denúncia e registrar o caso na delegacia, Izabele relatou que tiveram muitos entraves. A vítima disse que só conseguiu ser atendida pela inspetora depois de falar que a mídia estava solicitando o número de Boletim de Ocorrência. Procurada pelo DIA, a Polícia Civil afirmou que, "de acordo com a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), o fato foi registrado na unidade. Os policiais vão ouvir a vítima, o autor e testemunhas. Imagens de câmeras que possam comprovar a agressão foram coletadas e a investigação está em andamento".
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*Estagiária, sob supervisão