Entre os problemas, foram listados: ausência do devido acolhimento dos pacientes, falta de comunicação entre autoridades sanitárias, não planejamento da recepção destas pessoas, má coordenação dos procedimentos e até a internação indevida de um paciente com covid em uma ala não-covid.
De acordo com a coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria do Rio, Thaisa Guerreiro, existe a suspeita de que há hospitais militares em Manaus com leitos vazios que poderiam ser destinados aos pacientes. Ela reforçou que as decisões tomadas sem planejamento podem acabar com a vida de diversas pessoas.
"As vistorias técnicas realizadas pelas vigilâncias sanitárias denunciam fatos gravíssimos sobre a falta de planejamento da União para a transferência dos pacientes de Manaus, sobre a qualidade da assistência prestada nas unidades e o mais grave: sobre a possibilidade de a transferência por longas horas estar agravando o quadro de saúde dos que são enviados ao Rio", afirmou Thaisa.
Instituições das esferas federal, estadual e municipal participaram das vistorias nos hospitais de Andaraí e Servidores. Os órgãos que realizaram a fiscalização foram: Defensoria Pública do Rio, a Defensoria Pública da União, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado.
Descumprimento de acordo
O ofício elaborado entre os diversos órgãos públicos aponta que quatro pacientes de Manaus precisaram ser transferidos para leitos de terapia intensiva em unidade estadual, demonstrando não ter havido organização por parte das autoridades de saúde. A promessa feita por Manaus era transferir apenas pacientes em estado moderado de saúde, mas os relatórios técnicos apontam para o oposto do que foi prometido.
O documento também destacou ter havido "agravamento do quadro de saúde de pacientes no decorrer da transferência, com desestabilização, indiciando falhas na avaliação clínica das condições de transporte" a quem foram submetidos.
Paciente com covid-19 internado em ala não-covid
Um paciente morreu nas primeiras 24 horas após chegar ao Estado do Rio de Janeiro. O relato técnico é de que ele chegou no Hospital dos Servidores com "dessaturação importante", "bala de oxigênio do transporte quase vazia" e foi internado em enfermaria não covid, e 15 minutos após a internação ele foi direcionado a um leito adequado no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS)", onde morreu.
Dois pacientes da ala não covid testaram positivo após terem contato com este paciente. A unidade está sob investigação epidemiológica de monitoramento e origem de contágio.
Por fim, as vistorias realizadas no Hospital do Andaraí e no Hospital dos Servidores levaram à conclusão de que houve “ausência de interlocução clara e formal entre os entes de governo: federal, estadual e municipal”
Falta de articulação entre a rede de saúde
As instituições que realizaram a denúncia destacaram não ter conseguido obter nenhum documento que sinalizasse uma articulação e organização, com vistas à regulação de leitos e a vigilância epidemiológica. Para os responsáveis pela denúncia, estas ações são indispensáveis, principalmente devido à nova variante encontrada em Manaus.
O ofício, acompanhado dos relatórios de vistorias técnicas, foi endereçado ao secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, e será encaminhado à Defensoria Pública do Estado do Amazonas para conhecimento e encaminhamentos que se façam necessários.