MaracanãDaniel Castelo Branco

Por Fernando Faria
A tabelinha política e futebol não costuma resultar em golaços. Longe disso. Quase sempre está mais para gol contra. O exemplo mais recente envolve o Maracanã, o mais famoso estádio do planeta, palco de duas finais de Copa do Mundo, de abertura dos Jogos Olímpicos e de decisão da medalha de ouro. Aos 71 anos, depois de várias reformas, que o tiraram inclusive a fama de 'Maior do Mundo', o Maraca viu uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Rio provocar grande polêmica.
Projeto do deputado André Ceciliano (PT), presidente da Alerj, aprovado por 65 votos contra 5, institui a mudança do nome do estádio de Jornalista Mário Filho para Edson Arantes do Nascimento — Rei Pelé. Falta só a sanção do governador em exercício, Cláudio Castro. Ceciliano justificou que o objetivo foi homenagear o Atleta do Século em vida: "Nada mais justo. Pelé fez história no Maracanã, conquistando títulos e marcando o milésimo gol". O deputado demonstrou confiança na sanção do governador num prazo de 10 a 15 dias.
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Nas redes sociais, no entanto, a iniciativa foi alvo de enxurrada de críticas. Procurado pela nossa reportagem, o locutor da 'Rádio Tupi' José Carlos Araújo, o Garotinho, lembrou que trabalha profissionalmente no Maracanã desde 1963. E foi duro: "Sou inteiramente contra. Pelé merece todas as homenagens, mas não tirar o nome do Mário Filho, que tanto fez pelo esporte. Nenhum outro jornalista defendeu tanto o desenvolvimento do futebol carioca e a construção do Maracanã. Acho um crime que a Alerj está cometendo por não conhecer a história".
Companheiro do Garotinho na 'Tupi', o comentarista Washington Rodrigues, o Apolinho, também colunista dos jornais O DIA e Meia Hora, faz coro. "Acho a iniciativa desnecessária e deselegante com a família do Mário Filho, que tanto fez pelo esporte. Até parece que os deputados só dão nomes a ruas e praças", disse. "Pelé merece sempre ser homenageado, mas o Mário Filho teve participação fundamental na construção do Maracanã. E Pelé já tem um estádio em Maceió com o nome dele", acrescentou o Apolinho.
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Neto do jornalista Mário Filho, Mário Neto detonou a mudança. "A medida é torpe e ridícula", atacou, em entrevista ao site 'UOL'. Na avaliação dele, o estádio "morreu' após a reforma para a Copa de 2014: "É uma coisa de quem não entende de futebol, de história. Se quisessem homenagear alguém, que homenageassem Garrincha. Estou chateado? Sim, mas não vou ficar mais, pois meu avô não brigou por esse estádio para 70 mil pessoas".
Ídolo do Vasco e um dos grandes artilheiros do Maracanã, Roberto Dinamite elogiou: "É homenagem justa a uma pessoa que você não tem que discutir. Pelé foi o maior jogador do mundo, ninguém fez tanto pelo futebol no país. Não discuto o trabalho de Mário Filho para a construção do estádio, mas Pelé e Maracanã representam o futebol brasileiro no mundo. Pelé transcende a tudo, é para unir".