Carga foi apreendida entre 2019 e 2020
Carga foi apreendida entre 2019 e 2020Divulgação
Por O Dia
Rio - As milícias estão inovando no serviço de "gatonet". Responsáveis por comandar áreas onde vivem cerca de 2,1 milhões de cariocas, cerca de 33% do território da cidade do Rio, os paramilitares agora oferecem equipamento que recebe o sinal de canais pirateados de TVs por assinatura como se fossem serviço de streaming. Segundo o auditor-fiscal chefe da Divisão de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal na 7ª Região Fiscal (RJ/ES), Ewerson Augusto da Rocha Chada, os criminosos oferecem assinaturas mensais com até 900 canais e equipamentos de recepção por R$ 30.
"O sistema funciona com a instalação de um software no equipamento TV Box que utiliza sistema Android. Após essa modificação, os criminosos faziam a liberação dos sinais de canais de tv por assinatura e até de canais de filmes lançamento do tipo pay-per-view a preço de R$ 20 a R$ 30", explicou o auditor. 
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A modalidade de "gatonet" usada por milicianos das Zonas Oeste e da Baixada Fluminense, segundo Ewerson, foi identificada após apreensão de 400 equipamentos TV Box em 2019. "A partir dessa primeira apreensão, fomos procurados pelo setor de Inteligência da Polícia Civil, da Core, e da Polícia Federal, que nos confirmou que o equipamento eram usados pelos grupos paramilitares na exploração da tv pirata".
A apreensão dos 400 equipamentos fez parte da Operação TV Pirata, que já apreendeu mais de 1 milhão de unidades do equipamento do tipo TV Box até abril deste ano. Segundo o auditor-fiscal, o equipamento é trazido ao Brasil por encomenda dos paramilitares a importadores que costumam camuflar caixas do aparelho entre outros itens. 
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Até o momento, a operação localizou os equipamentos nos portos do Rio e de Itaguaí. A apreensão resultou em um prejuízo de cerca de R$ 750 milhões para os contrabandistas. Nesta quarta-feira, cerca de 100 mill unidades foram destruídas pela Receita Federal. 
Equipamentos serão usados para o bem
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Segundo o auditor-fiscal, a maior parte dos equipamentos apreendido deve ter um destino diferente em breve. "Nós iniciamos uma parceria com uma empresa júnior de alunos do Instituto da Marinha de Engenharia que vai transformar esses aparelhos em ferramentas de ensino a distância para a rede pública de ensino. A ideia é que os alunos consigam assistir as aulas de vídeo pelo aparelho", contou Ewerson que espera o apoio de patrocinadores que financiem a iniciativa.
"ELes vão mudar o sistema operacional do equipamento, que via de regra é o Android, aberto, e vai permitir a instalação só desses aplicativos usados na transmissão de aulas", explicou.  
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