Operação da Polícia Civil no Jacarezinho têm moradores, policiais civis e passageiros de metrô baleados
Operação da Polícia Civil no Jacarezinho têm moradores, policiais civis e passageiros de metrô baleadosReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por Beatriz Perez
Rio - Para o sociólogo e professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ), a justificativa da Polícia Civil para a megaoperação desta quinta-feira que já acumula 15 mortes é inócua. A Polícia Civil alegou que criminosos aliciam crianças e adolescentes para atuar no tráfico para legitimar a intervenção. "Dizer que traficantes aliciam crianças e adolescentes é uma questão quase risível porque a gente sabe que todas as estruturas do tráfico têm menores de idade que colaboram. Dizer que vão fazer uma megaoperação porque descobriram que traficantes aliciam crianças é uma brincadeira", criticou Cano.
Na operação desta manhã, um policial civil morreu com um tiro na cabeça, outros dois ficaram feridos. A corporação diz que 14 suspeitos morreram. Dois passageiros de metrô que passavam pela estação Triagem foram baleados, em mais uma manhã de horror para os cariocas.
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Para o membro do Laboratório de Violência da Uerj o saldo da operação é forte indicativo de uso excessico da força. Na avaliação do professor, a estratégia de confronto nas comunidades dominadas pelo crime organizado nunca conseguiram impedir a atuação criminosa. Cano defende a descriminalização das drogas como estratégia de médio e longo-prazo para desarticular o tráfico.
"Infelizmente, a polícia no Rio faz ciclicamente essas operações que causam muita insegurança e vítimas. A surpresa desta vez é a morte de um policial. É raro que um policial seja vitimado nessas operações. Acho que a única tentativa de pelo menos diminuir o controle do tráfico foram as UPPs, antes e depois disso, as operações só geram insegurança e raramente conseguem um objetivo estratégico. Quando a polícia se retira, tudo volta ao normal. Os mortos são substituídos", aponta.
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Cano também avalia que os criminosos deveriam ser presos após investigação, para que fossem detidos sem possibilidade de resistência, para evitar trocas de tiros. "A prioridade da politica de segurança deveria ser acabar com confrontos e não reproduzi-los através das próprias intervenções", ressalta.
Segundo a Polícia Civil, a Operação Exceptis foi realizada para prender criminosos que foram identificados em investigações que estariam recrutando crianças e adolescentes para o mundo do crime. Além do tráfico de drogas, os criminosos respondem pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha e sequestro de trens.