Eduardo Paes
Eduardo PaesReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por Yuri Eiras
Rio - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, usou tom firme para comentar a operação policial da última quinta-feira (6), no Jacarezinho, que terminou com 28 pessoas mortas. O chefe do executivo avaliou que a ocupação do tráfico e da milícia cresceu nos últimos anos, lembrou a frase do ex-governador Wilson Witzel - "atirar na cabecinha" - e sugeriu, inclusive, a "ocupação permanente" dos agentes na favela, que fica a poucos metros da Cidade da Polícia.

"A gente não pode achar que é normal, ou minimamente civilizado, que 24 cidadãos sejam mortos. Podem ser eventualmente criminosos, mas não é algo normal", disse Paes, continuando: "A cena de ontem não pode ser aceitável, por mais que estejamos falando de delinquentes. Não é aceitável que uma comunidade que fica na frente da Cidade da Polícia seja dominada pelo poder paralelo. Não faz sentido. A CidPol, que reúne toda a inteligência de polícia do Rio de Janeiro, fica no Jacarezinho. O ideal é que a gente tivesse 24 pessoas presas. Há uma oportunidade de se fazer uma operação permanente no Jacarezinho".
O prefeito lembrou as eleições para o governo estadual de 2018, quando perdeu o segundo turno para Witzel. O ex-governador, a quem Paes chamou de "maluco, mesmo", era um entusiasta da política de enfrentamento. "A gente vai vivendo no Brasil um radicalismo de visões. De um lado, elege um sujeito que fala que dar 'tiro na cabecinha' dos outros é normal. Do outro lado, a Justiça proíbe o estado de exercer o monopólio da força. A mais alta corte do país diz que o Estado não pode mais fazer valer a lei. Nós vamos viver esse pêndulo terrível", continuou Paes. "O que eu vi de banca de maconha e cocaína nas favelas dominadas pelo tráfico, coisa que você não via. Antes, vendiam escondido, numa casinha. Agora, o cara está no meio da rua".