Familiares de Kathlen Romeu forma homenageados em ato que reuniu representantes de diversas religiões e do movimento negroDivulgação

Por Jorge Costa*
Rio - Familiares de Kathlen Romeu, jovem negra e grávida morta na comunidade do Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, no dia 8 de junho, se reuniram com lideranças religiosas e do movimento negro para homenageá-la em um ato que marca um mês de sua morte na manhã desta sábado (10). A designer de interiores estava grávida de 14 semanas e caminhava com a sua avó, durante uma visita, quando foi atingida com um tiro de fuzil no tórax. O caso não foi solucionado e a família luta em busca de justiça.

Durante a solenidade, houve momentos em que alguns familiares ficaram muito abalados, como a mãe de Katlhen, Jaqueline Oliveira, que chegou a pedir um tempo para tentar controlar a dor. Estiveram presentes também o pai, Luciano Gonçalves, seu marido, Marcelo Ramos, sogros e suas duas avós paterna e materna.

Placas foram instaladas durante a memória, responsabilizando a política de segurança do Governo do Estado pela morte da designer de interiores. O marido de Kathlen afirmou que pretende fazer mais atos para honrar a memória de sua esposa e pede justiça.


“Estamos no Lins em mais um ato político-cultural em homenagem a ‘Kathe’, simbolizando agora um mês de falecimento dela. Estamos aqui para mostrar que a nossa luta não acabou e poder homenageá-la, reivindicar mais uma vez por justiça para que os culpados sejam punidos e mostrar que a nossa luta é só o começo. A gente pretende fazer mais atos, mais manifestos, para poder honrar o nome da ‘Kathe’ e tentar de alguma forma melhorar a realidade dos jovens que moram nas favelas do Rio de Janeiro”, afirmou.

Cinco painéis foram feitos em grafite homenageando Kathlen, e fotos suas foram coladas em paredes do Complexo do Lins. O pastor da Igreja Batista Soul, Kleber Lucas, destacou que o ato, além de um pedido de justiça, também é uma ação de solidariedade.
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“Em primeiro lugar, este ato está carregado de afeto e solidariedade para a família da Kathlen. É perceptível nos rostos e expressões não apenas dos familiares, mas dos amigos que estão aqui presente, é algo muito forte e esse é o momento de prestarmos solidariedade. Em segundo lugar, este ato marca também a denuncia desse genocídio negro que acontece hoje no Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Casos com o da Kathlen não podem ser desconsiderados, apesar da sociedade estar silenciosa diante disso e alguns segmentos religiosos também. Estamos aqui para marcar esse movimento e o nosso posicionamento”, disse.

Com o tom de voz emocionada, Samantha de Oliveira Lopes, tia da jovem designer de interiores, disse que vai lutar para que outros casos semelhantes não aconteçam mais.
“Nós estamos muito revoltados com o que aconteceu. Não esperávamos isso, estamos em choque, êxtase. E para os que moram aqui na comunidade, eu peço justiça, peço que façam alguma coisa pela favela, que isso não venha acontecer mais. Aconteceu sim com a minha sobrinha, ta? Mas, daqui para frente vamos lutar por justiça e melhoria pela nossa favela”, afirmou.

O movimento foi liderado pelo Babalawo, professor de história pela UFRJ e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos. Ele prestou solidariedade à família e fez um apelo para que as autoridades públicas cumpram com as suas responsabilidades.

“Estamos aqui todos reunidos. Várias lideranças religiosas de diversos segmentos, junto com os familiares de Kathlen e também daqui da comunidade para mostrar a nossa solidariedade à família, os amigos, e lembrar essa grande tragédia que aconteceu aqui na comunidade que ceifou duas vidas, de Kathlen e de seu bebê. E esperamos que as autoridades públicas cumpram com a responsabilidade de chegar aos autores desse crime bárbaro e que eles sejam responsabilizados”, disse.
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O ato por Kathlen contou ainda com as presenças do Padre Gegê, da representante da Fê Bahá'í no Rio e arquivista, Marilucia Pinheiro, do mulçumano Adull Karim Taha e a mascote Maria Heloísa, além do pastor da comunidade Gambá, no Lins, Elias Pereira.
A ação faz parte de um plano de ação que se inicia com um memorial no Complexo do Lins, os muros cravejados de bala foram pintados com imagens de homenagem à vítima. O propósito da ação é preservar a memória da jovem designer de interiores e evidenciar a sua representatividade.
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*Estagiário sob supervisão de Yuri Hernandes