O policial Alexandre Pereira Mota, preso na Operação Parque LivreReprodução
No habeas corpus, a defesa afirma que a confusão entre os PMs Alexandre Pereira Mota e Sandro de Souza Motta, que se entregou à polícia no último dia 28, se refere a trecho das investigações em que o apelido 'Ligeirinho' ou 'Sargento Mota' é atribuído a Alexandre.
"Urge por relembrar que entre as personagens mencionadas na investigação, uma apenas uma, realmente tem o apelido de 'Ligeirinho', ou seja, o sargento Policial Militar da PMERJ Sandro de Souza Motta, também egresso do 25º Batalhão de Polícia Militar de Cabo Frio/RJ. Daí, confundir ou equiparar o ora paciente com o mencionado 'Ligeirinho', é, por sem dúvida, inaceitável e irracional", aponta trecho do habeas corpus.
Em relação à alcunha 'Sargento Mota', também atribuída a Alexandre nas investigações, o habeas corpus afirma que, em 2009, Alexandre Pereira Mota, quando ainda era cabo, solicitou, junto ao comando do 25º BPM, a troca de seu 'nome de guerra' de 'Mota' para 'Alexandre', o que foi concedido, com publicação no boletim interno da corporação no dia 5 de novembro daquele ano.
"A mudança foi solicitada pelo Alexandre justamente pelo receio de ser confundido com o Sandro de Souza Motta, que não tinha boa reputação. No entanto, mesmo assim a confusão aconteceu quando o delegado esteve no batalhão de Cabo Frio e solicitou a ficha funcional do sargento Mota. Por equívoco, entregaram a ficha de Alexandre Pereira Mota e não de Sandro de Souza Motta, que é sargento e de fato tem relações com os outros denunciados. O Alexandre nunca teve qualquer relação com os outros investigados", diz o advogado João Jeferson Manhães da Silva, um dos que assinam o habeas corpus:
"Mais adiante nas investigações, Alexandre Pereira Mota deixa de ser chamado de 'Ligeirinho', epíteto que passa a ser atribuído apenas a Sandro de Souza Motta. Alexandre passa a ser chamado de 'Sargento Mota', sendo que sua patente é de subtenente. Tudo isso configura erro grave nas investigações. Alexandre Pereira Mota não tem nenhuma relação com os fatos narrados na denúncia e com os denunciados. Não há qualquer prova testemunhal ou documental que prove o contrário", acrescenta o advogado.
MPRJ e Polícia Civil rechaçam erro
Na denúncia do MPRJ, de 25 de junho deste ano, Alexandre Pereira Mota e Sandro de Souza Motta, apontados como 'Sargento Mota' e 'Ligeirinho', respectivamente, tiveram pedido de prisão preventiva ao lado de outros 15 acusados. Segundo o MPRJ, os dois integram organização criminosa que praticou loteamentos ilegais em áreas não edificáveis na Área de Proteção Ambiental (APA) Massambaba, onde está localizado o Parque Estadual Costa do Sol, com o objetivo de obter vantagem indevida com o parcelamento e posterior venda e exploração do solo.
Na denúncia, Alexandre Pereira Mota e Sandro de Souza Motta são apontados como integrantes do braço armado da quadrilha, e tinham a função de impor medo nos fiscais ambientais e na própria população local em caso de oposição às suas determinações.
Procurado pela reportagem, o MPRJ informou, em nota, que o Gaeco/RJ (Grupo de Atuação Especializada do MPRJ) esclarece que não houve equívoco na acusação feita contra Alexandre Pereira Mota. E que, além de Alexandre, foram denunciados o policial Sandro Motta e outros acusados, que tiveram suas prisões preventivas decretadas pelo juízo da 1ª Vara Especializada da Capital.
A nota prossegue:
"O Gaeco informa, ainda, que as condutas praticadas por Alexandre e Sandro eram, sim, semelhantes, porém com particularidades de cada um, o que foi demonstrado ao longo das investigações e exposto na denúncia, que já está acessível às Defesas dos denunciados. Assim, a tese da defesa apresentada no Habeas Corpus e na petição já endereçada à Vara Especializada é referente ao mérito da ação penal, e será analisada no decorrer da instrução processual."
Já a Polícia Civil informou que, de acordo com a 132ª DP (Arraial do Cabo), o inquérito foi concluído com base nos elementos produzidos durante a investigação e remetido ao Ministério Público, que denunciou o homem (Alexandre Pereira Mota) e a Justiça decretou sua prisão.
O habeas corpus em favor de Alexandre Pereira Mota foi protocolado no processo no dia 8 de setembro, e ainda não foi julgado pela Justiça. O policial está custodiado no Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM, em Niterói.
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