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Rio - Desde o início de 2020 o mundo se surpreendeu com o anúncio da pandemia causada por um vírus que teve sua gênese na cidade de Wuhan na China.

Após todo esse período, países passaram por lockdown e desenvolveram vacinas em tempo recorde. Houve uma profusão de notícias, muitas verdadeiras e outras falsas, teorias da conspiração e muita política, um confronto entre idéias.

Mas, mesmo após todo esse tempo de aprendizado – pelo menos assim deveria ser -, ainda enfrentamos debates absolutamente impróprios e até mesmo insanos, quando tratamos do atual momento, aliás, continuamos em pandemia, e o vírus está entre nós e de acordo com estudos científicos, permanecerá por um bom tempo.

O Brasil perdeu mais de 640 mil pessoas, mas a boa notícia é que 70% já tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19 e 50%, a segunda dose ou dose única.

O imunizante realmente vem contribuindo para a diminuição de óbitos, hoje em aproximadamente 300 mortes diárias e a média vem em decréscimo dia a dia.

As tecnologias são antecipadas e teremos o uso de um mundo digital onde o futuro se mostra no presente. Os hábitos do passado são vistos em um retrovisor cada vez mais longínquo e teremos muito em breve o 5G, uma revolução. A crise sanitária também trouxe inegáveis benefícios.

Mas, mesmo com tudo isso, o inacreditável é que ainda não estamos aprendendo o suficiente com a tragédia. Ainda mantemos crenças antigas e não estamos atentos às necessidades de se adotar medidas preventivas para evitar que doenças transmissíveis por microrganismos causem mortes e tragédias, como está acontecendo com o coronavírus, que dizimou muitas histórias e sonhos.

Trago exemplo, em uma dessas narrativas, a de um jornalista competente, com muita experiência que, ao falar sobre a covid-19, relata que “curou” uma amiga de 65 anos com tratamento precoce, com indicação de doses de cloroquina entre outras drogas que, comprovadamente e cientificamente, não tem nenhum efeito sobre a covid-19.
Um intelectual, abduzido por uma ideologia macabra, um vento que leva para a insanidade.

O pior é que estamos com muitos desses influenciadores que poderiam contribuir de forma positiva com sugestões que realmente pudessem até salvar vidas, ou melhorar condições que remetem a medidas inteligentes e comprovadamente eficazes.

Outra narrativa tola e alarmante é aquela, segundo a qual, a limpeza de ambientes não teria efeito prático. Uma ideia que se choca contra as boas práticas. A Organização Mundial de Saúde já deixou claro que medidas preventivas como uso de máscaras, lavar as mãos permanentemente, distanciamento e evitar locais fechados com ou sem ar condicionado são essenciais na contenção da covid.

A sanitização ambiente também é uma ferramenta essencial para na luta contra mortes, sobretudo no caótico cenário de boa parte da infraestrutura de saúde do país (hospitais, postos de saúde, clínicas, consultórios etc).É inquestionável que locais limpos reduzem riscos e, obviamente, trata-se de medida preventiva contra doenças provocadas por patógenos e germes perigosos à saúde humana.

A ANVISA e órgãos de vigilância sanitária há mais de duas décadas elaboram notas técnicas, portarias e pareceres, legisladores propõem leis para tratar da necessidade de higienização de locais de acesso comum e coletivo e da manutenção de sistemas de climatização.

Um exemplo de local com pouco ou nenhum tratamento no ambiente é o sistema prisional, local considerado dos mais insalubres. Os presídios matam mais por doenças transmissíveis e tratáveis do que pela violência. O índice da tuberculose é altíssimo. Mas, ao invés de tratar o ambiente carcerário, alguns governos preferem gastar milhões de reais com tratamentos causados pelas doenças, o que é muito mais caro.

Estimulados por falsas mensagens, gestores públicos e executivos vêm se preparando para apresentar projetos e políticas de saúde, totalmente fora do contexto em que vivemos.

Permitir eventos com grandes públicos (parecendo que já passamos pela Pandemia e que a covid-19 é apenas uma estatística, quando já nos acostumamos e ter 300 mortes por dia), é inaceitável, caso não se estabeleça medidas preventivas e de biossegurança. A adoção de protocolos de biossegurança irá fazer com que um número maior de pessoas frequente os espetáculos, ou seja, prevenir garantirá maior retorno, portanto, é investimento!

Todos estamos extenuados com o isolamento. Algumas economias viraram pó, empresas terminaram seus vários anos de história, famílias se viram em falência e bancarrota financeira. São as consequências da maior tragédia de saúde pública do nosso tempo.

Mas a experiência deveria nos ensinar e evitar que a transmissão e a doença deixem de nos surpreender com mais mortes e caos. A Rússia anuncia novas restrições e aumento de mortes, mesmo com uma vacina festejada e com alto índice de imunizados.

Temos relatos de pessoas que tomaram as duas doses, contraíram pela segunda vez a doença e vieram a falecer; infelizmente, a covid-19 não veio com manual de instrução!

Mais do que nunca, é importante elaborar métodos e propor medidas preventivas, como estimular o uso de máscaras por mais tempo, especialmente em ambientes fechados, ter locais à disposição para lavar as mãos e com maior freqüência, ter higienização, desinfecção, sanitização, esterilização de locais comuns e coletivos, de acordo com as características de cada setor ou segmento garantido segurança às pessoas.

É inadmissível que estádios de futebol recebam público, sem a mínima condição no controle de pessoas com as doses de vacinação comprovadas e testadas. Impossível pensar em um espetáculo como o carnaval do Rio de Janeiro e outros, sem ter os ambientes testados, descontaminados, permitindo que o que se transmita seja apenas a alegria! O mesmo com o Rock In Rio, anunciado para o próximo ano, abertura de cinemas, teatros, bibliotecas, museus, sem segurança e garantia de estar apropriado para receber público.

Os transportes públicos, como metrôs, ônibus, barcas, trens e mesmo os de aplicativos devem passar por inspeção e anunciar medidas preventivas para atender clientes e público que circulam, muitas vezes, de forma “empilhada”. A FIOCRUZ, em recente pesquisa, destacou que o sistema de transporte público transmite o novo CoronaVirus em maior proporção que hospitais por exemplo.

Um grupo de especialistas entende que possamos abrir a economia e setores estratégicos, como escolas, ter hospitais e centros de saúde com qualidade e segurança, ter eventos que recebam público, mas o que se quer é que haja a validação de protocolos sanitários, de medidas preventivas, que podem ser considerados como investimento, sendo mais econômico que ações emergenciais, trata-se de uma simples questão de conta!

São muitas as boas lições que poderíamos ganhar com a crise e o caos, com a morte e a tragédia da covid-19 e, com isso, de forma inteligência e coerente, com o auxílio da ciência e especialistas, adotar práticas e ações que evitem novas paralisações e perdas em todos os sentidos.

O coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas de São Paulo, Esper Kallas, discorreu na Conferência “O que já sabemos sobre a covid-19, realizada pela SBPC, relata que todas as medidas preventivas constituem pilares de preservação da própria vida e que manter ambientes seguros é uma das mais importantes.

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro inicia projeto para promover a biossegurança de seus ambientes e sistemas de climatização. A Presidente do mais requintado palco do país relatou o seguinte:
“É imprescindível que a reabertura do Teatro Municipal garanta a segurança do ambiente, a qualidade dos locais de acesso comum e coletivo, do sistema de climatização, garantindo o controle e segurança do público e freqüentadores de um dos mais importantes espaços culturais do Rio de Janeiro e do mundo. Queremos ser referência não somente nos espetáculos que proporcionamos, mas na segurança contra microrganismos prejudiciais à saúde e garantir que nosso maior ativo seja a vida dos nossos colaboradores, professores, alunos, artistas e do nosso público em geral”.

Medidas preventivas não podem ser consideradas “teatros”, mas uma forma de contribuir no combate e eliminação a germes que podem tirar vidas. Ter ambientes sadios, limpos e desinfetados, e o controle de pessoas através de monitoramento por testes, com verificação de vacinação e outras providências, conforme anunciadas pela OMS, garantirá a retomada segura ao espetáculo que é a vida.

* José Ricardo Marques, CEO da SAS BIOTECH e especialista em tratamento de ambientes seguros