Rio – As testemunhas do julgamento de Jairinho e Monique Medeiros, acusados de matar o menino Henry, em março deste ano, já começaram a prestar depoimento na audiência desta terça-feira, no Tribunal de Justiça do Rio. Uma delas, Thiago K. Ribeiro, se disse amigo íntimo do ex-parlamentar e descreveu o acusado como uma pessoa "muito carinhosa". A sessão começou com mais de uma hora de atraso pois os réus demoraram a chegar.
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"O Jairinho era um dos mais carinhosos dos 51 vereadores da Câmara Municipal, onde nos conhecemos em 2012. Quando os debates eram mais duros, as pessoas sempre brincavam que não dava para discutir com Jairinho, pela cordialidade e carinho dele para com os colegas. Todos os parlamentares gostavam dele. Ele era uma figura querida na Câmara", disse Thiago K. Ribeiro.
Ribeiro, que é ex-vereador e conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM), se disse surpreso quando soube da acusação contra Jairinho. "Até hoje eu não entendo o que pode ter acontecido, porque as acusações não condizem com o perfil da pessoa que conheço há nove anos", disse.
A tia de Jairinho, Herondina de Lourdes, também foi ouvida. Jairinho foi preso na casa de Herondina, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Em depoimento, ela disse que no momento que o delegado Edson Damasceno entrou na residência, ele teria dito "eu disse que ia te pegar e peguei", contou na audiência. O fato chamou atenção dos presentes. Ela também alegou que pediu para não machucar o sobrinho e o titular da especializada teria respondido "não vou machucar ele, vou levar para a delegacia".
Questionada sobre a relação de Jairinho e a criança, Herondina disse que conheceu o menino Henry no carnaval, em fevereiro deste ano, em uma viagem à Mangaratiba. Ela disse que durante o período, Henry brincava normalmente com outras crianças. Herondina alegou que não tinha conhecimento sobre animosidades entre o casal e a criança e que quando o menino estava na casa dela em Bangu, era Monique quem preparava a comida do filho. Durante o depoimento, Monique começou a chorar no tribunal ao ouvir os relatos sobre a relação com o filho.
Antes, foi ouvida a cabeleireira de Monique, Tereza Cristina dos Santos, que confirmou ter presenciado a chamada de vídeo entre a babá de Henry e Monique. Segundo ela, a funcionária mostrava que o menino estava mancando.
"Pelo celular ela filmava o menino andando no corredor. Ele estava mancando. Depois ouviu menino perguntando se ele atrapalhava a mãe. Ela disse que não. Ainda ouvi o menino dizendo que o tio havia brigado com ele ou batido. Não deu para ouvir ao certo", disse Tereza que relatou ter ouvido uma ligação na sequência, em que Monique, segundo ela, disse: "Para de dizer ao meu filho que ele me atrapalha, isso não é verdade" e "se você mandar a babá embora, eu vou junto também, porque ela trata muito bem do meu filho".
Tereza também disse que ouviu Monique mencionar um perfil agressivo de Jairinho. "Ainda ouvi ela dizendo: 'se você quer quebrar tudo, você pode quebrar, porque você já está acostumado a isso mesmo", disse Tereza.
A cabeleireira ainda confirmou que, após a ligação, Monique perguntou se havia alguma loja que vendesse câmeras no shopping: "Entendi nesse momento que ela estaria desconfiada de alguma coisa".
Presos desde 8 de abril, um mês após a morte do menino, Monique e Jairinho foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por homicídio qualificado (por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima e impingiu intenso sofrimento, além de ter sido praticado contra menor de 14 anos), tortura, coação de testemunha, fraude processual e falsidade ideológica.
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