Filha de Geraldo de Almeida, Daniele Barros de Almeida afirmou que o pai era trabalhador e muito queridoMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - Trabalhador, honesto e querido foram os adjetivos que Daniele Barros de Almeida usou para descrever Geraldo de Almeida, de 61 anos, quando esteve no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, para reconhecer o corpo do pai, nesta terça-feira (20). Faxineiro em uma creche da rede municipal de Itaboraí, ele morreu após ser atingido por uma bala perdida, durante um confronto no bairro Visconde. 
De acordo com a filha, na manhã de segunda-feira (19), a vítima estava no trabalho e participava de uma confraternização entre os funcionários, quando saiu do local para comprar algo para a celebração. No caminho, ocorreu um confronto entre criminosos e policiais militares e, assim como outras pessoas que passavam pela região, Geraldo teria tentado correr para se proteger, quando foi atingido.
Segundo a Polícia Militar, equipes do 35º BPM (Itaboraí) foram acionadas depois de relatos de que suspeitos armados estavam circulando em um veículo na região do bairro Visconde. Ao localizarem o carro com as características informadas, houve uma tentativa de abordagem, quando os ocupantes atiraram contra os PM, dando início ao confronto. Após os disparos, os agentes encontraram Geral ferido. 
Na ação, os PMs recuperaram o veículo, que era roubado, e apreenderam uma arma de fogo. O 35ºBPM (Itaboraí) instaurou um procedimento apuratório interno para investigar o caso. Segundo Daniele, os familiares foram informados de que Geraldo havia sido baleado por volta das 11h40, mas quando chegaram ao Hospital Municipal Desembargador Leal Junior, no bairro Nancilândia, souberam que ele não havia resistido aos ferimentos. 
"A tristeza está sendo muita para a gente, aguentar até o sepultamento dele. Minha mãe está em casa passando mal e estou aqui para poder ajudar a resolver isso. Trabalhador, honesto, todo mundo amava ele onde passava (...) O sentimento é de revolta. Só revolta e pedir a Deus que conforte nosso coração a cada dia, até isso se resolver, e a justiça de Deus seja feita", desabafou a filha do homem. 
Geraldo era funcionário de uma empresa que presta serviços para uma creche municipal de Itaboraí, onde trabalhava há cerca de um ano. O faxineiro morava em Porto das Caixas e completaria 62 anos em 27 de dezembro. Ele deixa a esposa, duas filhas e quatro netos. O velório da vítima acontece às 15h40 no campo do bairro e o sepultamento está previsto para às 16h30, no Cemitério Municipal de Porto das Caixas.
"Em Porto das Caixas, se chegar lá e falar, todo mundo está em luto por causa dele. Uma pessoa querida, muito honesta. (...) Muito trabalhador, muito querido em Porto das Caixas, onde todo mundo gosta dele, não tem um isso para falar dele. Ele não era bandido. (A família está) despedaçada e só Deus para confortar o nosso coração. Eu sou a filha mais velha e estou tentando força para poder ter um enterro digno", lamentou Daniele. 
A Prefeitura de Itaboraí esclareceu que o caso aconteceu fora das dependências da escola e que acionou a empresa responsável para disponibilizar a assistência necessária. A Secretaria Municipal de Educação também ressaltou que não havia estudantes na unidade nesta segunda-feira, devido ao recesso escolar. O crime é investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), que informou que policiais militares estão sendo ouvidos e que "diligências estão em andamento para identificar a origem do disparo que atingiu a vítima e esclarecer os fatos".