Rogério de Andrade: investigadoArquivo/ O Dia

Rio - O contraventor Rogério de Andrade, que deixou a cadeia na quinta-feira passada (22) após substituição de sua prisão preventiva por medidas cautelares feita pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), se apresentou na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), em Benfica, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (26) para colocação da tornozeleira eletrônica.
A medida faz parte de uma obrigação que o bicheiro tem que cumprir para se manter fora do presídio. Além do monitoramento, o contraventor também tem que comparecer periodicamente ao juízo para comprovar suas atividades, não pode manter contato com outros réus e nem deixar a cidade do Rio.
Se Andrade descumprir tais medidas cautelares, ele pode voltar para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, onde estava preso. De acordo com a defesa do contraventor, a soltura corrige um erro cometido pelo Justiça do Rio à época da prisão, em agosto. 
"A decisão do STJ que restabeleceu a liberdade de Rogério Andrade corrigiu um erro da Justiça do Rio de Janeiro, que havia decretado a prisão com provas extemporâneas ao processo e sem a devida fundamentação necessária de acordo com a Constituição Federal", explicou o advogado André Callegari.
Rogério Andrade foi preso no dia 4 de agosto, por decisão da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). O pedido de prisão do contraventor foi feito pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), após uma ação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) ter encontrado documentos que demostraram que o contraventor atuava como líder de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho, mesmo quando estava foragido. 
De acordo com a decisão do TJRJ, tais documentos apontam uma "sistemática cadeia de corrupção mantida de forma persistente com instituição de segurança pública, e pior, após a deflagração desta ação penal, durante períodos inclusive que o réu permanecia foragido". Com base nessas novas provas, a prisão preventiva foi decretada. Na ocasião, o filho do contraventor, Gustavo Andrade, também foi preso.
Em maio, Rogério já havia sido alvo da Operação Calígula, contra a organização criminosa envolvida em jogos de azar, que seria liderada por ele. As investigações apontaram que o bicheiro gastava R$ 6 milhões por mês para manter as estruturas do jogo do bicho e a planilha identificou despesas em pontos da contravenção nos bairros da Abolição, Bangu, Barra da Tijuca, Estácio, Jacarepaguá e Marechal Hermes. Entretanto, o maior valor, de R$ 724 mil, era destinado para pontos explorados em áreas que não eram de seu controle.
Entre os 12 pesos na ação, estavam os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém, acusados de integrar a quadrilha. O grupo comandado por Andrade também tinha como membro, o ex-policial militar Ronnie Lessa, detido no Presídio Federal de Campo Grande pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Rogério de Andrade é sobrinho de Castor de Andrade, que dominava o jogo do bicho nas décadas de 1970 e 1980. Após a morte do contraventor, em 1997, ele passou a disputar o espólio com Fernando Iggnácio, genro do patrono, que foi assassinado há cerca de dois anos. Herdando a paixão pelo samba do tio, Rogério é presidente de honra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel.