Marlon estava saindo de casa para trabalhar, quando foi atingido, segundo a tiaAcervo Pessoal

Rio - O jovem Marlon Anderson Cândido, de 23 anos, baleado durante uma operação da Polícia Militar em comunidade de Benfica, na Zona Norte, não está mais internado sob custódia da PM. A liberdade do jovem foi decidida no fim da tarde desta quarta-feira (4) após audiência de custódia do Tribunal de Justiça do Rio.

Agora, após receber alta do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde segue internado, o jovem irá direto para casa. A decisão da Justiça do Rio atendeu um pedido da Defensoria Pública do Rio, que acompanhava o caso, desde a última segunda-feira (2), quando Marlon foi baleado. 
"Recebemos essa notícia com muita emoção e fé. Nós estávamos manifestando durante todos esses dias,  fizemos oração na porta do hospital, foi bem difícil. Agora vamos esperar ele voltar para casa para fazermos uma festa e um culto para agradecer essa vitória", diz Thayanne Candido da Silva, irmã de Marlon. Thayanne contou ainda que o irmão se recupera bem e que essa decisão da Justiça foi um alívio para toda a família, inclusive para a mãe deles, que tem problemas de saúde.
O órgão atua em defesa do jovem a pedido dos moradores da comunidade da CCPL, onde ocorreu a operação da PM. Desde que Marlon foi atingido, o grupo de familiares e amigos faz manifestações na região pedindo a soltura de Marlon. Os moradores defendem que ele é inocente e não tem envolvimentos com o tráfico que atua na região.
Um desses protestos ocorreu, inclusive, horas antes da audiência de custódia. O grupo realizou uma caminhada pela liberdade de Marlon. O protesto começou na comunidade do Mandela e seguiu até o presídio de Benfica, também na Zona Norte, onde ocorreria a audiência. No entanto, ao chegar no local, o grupo foi avisado por defensores que Marlon já havia sido solto. Os moradores comemoraram a decisão no local.

"Marlon levou um tiro e na sequência foi custodiado. Não é porque mora na comunidade que é bandido. Marlon é um trabalhador. E se não fosse a pressão da comunidade, os movimentos sociais, a atenção da Defensoria Pública muito provavelmente Marlon permaneceria preso", disse o coordenador de projetos da ONG Rio de Paz, Lucas Louback, que acompanhou o caso e a manifestação dos moradores do Mandela.

"Meu sobrinho foi injustiçado, mas mais uma vez a favela venceu. Na favela não tem só bandido. Na favela tem trabalhador humilde e honesto. A gente vive com as nossas posses. Não somos bandidos", disse uma das tias de Marlon.