Emergência de oftalmologia do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, registrou atendimento de quase 200 pacientes com lesão nas córneas devido ao contato com pomadas modeladorasDivulgação

Rio – O Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e Inspeção Agropecuária do Rio de Janeiro (Ivisa-Rio), orientou, nesta quinta-feira (5), a suspensão imediata do uso da pomada modeladora capilar Cassu Braids, após constatar, durante a investigação sobre efeitos adversos causadas por esse tipo de cosmético, que a sua fabricante estava com situação cadastral inapta em órgãos competentes.

Dessa forma, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) determinou a proibição cautelar da comercialização da pomada e dos demais produtos fabricados pela Microfarma Indústria e Comércio LTDA e distribuídos pelo Instituto Cassulinha Cabelos Comércio e Serviço LTDA.

As lojas deverão retirar os produtos da marca em exposição e venda, assim como deverá ser suspenso o uso de seus produtos em salões de beleza. A fiscalização também se aplica à comercialização de produtos em plataformas digitais. Caso a determinação seja descumprida, os produtos poderão ser apreendidos e os estabelecimentos, sujeitos às penalidades previstas em lei.

Em dois dias de maior concentração, a emergência de oftalmologia do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, registrou atendimento de quase 200 pacientes com lesão nas córneas devido ao contato com pomadas modeladoras usadas no cabelo. Nos dia 26 de dezembro e na segunda-feira (2), foram registrados respectivamente 84 e 111 pacientes. Parte dessas pacientes era originária de outros municípios, tendo usado o produto em estabelecimento próximos a suas residências.

Na sua publicação, a Ivisa-Rio reforçou a importância de adquirir e utilizar apenas produtos regularizados junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), respeitando as instruções de uso e prazo de validade.
A Anvisa disse que “o caso está em investigação” e que “as ações sanitárias pertinentes serão adotadas”.
O DIA não conseguiu contato com a fábrica Microfarma Indústria e Comércio LTDA. Já a distribuidora Instituto Cassulinha Cabelos Comércio e Serviço LTDA não retornou. O espaço segue em aberto para manifestações.

Problema similar
Problemas de saúde relacionados à pomadas modeladoras não são novidades. O uso dessas pomadas preocupa especialistas em saúde, já que o uso de produtos não regulamentados pela Anvisa pode contribuir com danos irreversíveis caso atinjam os olhos das pessoas, como a perda da visão.

Em março do ano passado, o Ivisa, em comunicado semelhante, também orientou a suspensão da uma outra pomada modeladora, da marca Ômegafix, após o cosmético ter causado perda de visão na manicure Josiane Reis, de 41 anos, moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. No mesmo dia, a Anvisa publicou uma medida que proibiu a “comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso" da pomada Ômegafix, utilizada para tranças e penteados.

Josiane ficou sem enxergar desde o dia em que entrou na piscina enquanto usava um penteado feito com a pomada modeladora. O produto da marca Ômegafix provocou queimaduras nas córneas da moradora de Belford Roxo, após entrar em contato com a água e escorrer para os olhos.

A manicure foi atendida, primeiramente, na Unidade Mista do Lote XV, em Belford Roxo. No local, recebeu o diagnóstico de que estava com uma lesão severa na córnea. Uma queimadura foi causada pelo contato com o cosmético capilar, que escorreu para os olhos enquanto ela estava na água.

Depois da consulta, Josiane foi encaminhada ao Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, também na Baixada. Nas duas unidades onde aconteceram os primeiros atendimentos, a mulher recebeu a notícia de que outras pessoas já haviam apresentado reação a esse tipo de produto.