A área em frente ao Palácio Duque de Caxias, no Centro, em frente ao CML, foi limpa após saída de bolsonaristasMarcos Porto/Agência O DIA

Rio - Após dois dias do desmonte do acampamento de bolsonaristas em frente ao Comando Militar do Leste (CML), no Centro, a área foi totalmente limpa e permanece apenas com muita lama no lugar de grama. De acordo com a Comlurb foram removidos 22,4 toneladas de lixo do local durante a madrugada desta quarta-feira (11). Isso porque assim que iniciou a desmobilização, na última segunda-feira (9), pedaços de madeiras, cadeiras e muitos sacos de lixos foram deixados por manifestantes que ocupavam a região por cerca de dois meses.
A Companhia fez o serviço por solicitação do Comando, uma vez que a área é de responsabilidade do Exército Brasileiro. O Comando só acionou a Comlurb depois que os militares concluíram a primeira desmontagem no final da noite de terça (10). Os serviços incluíram remoção mecanizada, lavagem hidráulica e varredura manual. A equipe, formada por 23 garis, dois supervisores, um operador e dez motoristas, trabalhou com o apoio de uma pá carregadeira, dois caminhões compactadores e cinco basculantes.
Foram necessárias 17 viagens para concluir a coleta do material. Para finalizar, foi feita limpeza hidráulica com água de reuso e detergente usando dois caminhões pipa e uma van moto bomba, tendo sido gastos 25.200 litros de água de reuso. O Comando Militar do Leste agradeceu o apoio da Companhia na retirada dos resíduos e na limpeza da área.
Durante o desmonte, um fotógrafo recebeu tapas de manifestantes enquanto trabalhava. Faixas com dizeres antidemocráticos foram recolhidas das grades que cercavam as tendas e pallets usados no acampamento começaram a ser empilhados. No decorrer da retirada dos objetos, bolsonaristas ameaçaram aos gritos jornalistas que faziam a cobertura da ação, e inclusive, um fotógrafo recebeu tapas de radicais enquanto fotografava o desmonte.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, publicou na sua conta do Twitter, na última segunda (9) que a prefeitura iria, em colaboração com o exército e com a polícia militar, promover a retirada de todos os objetos e barracas que ocupam o espaço público tomado por manifestantes que atentam contra a democracia na praça Duque de Caxias. Apesar disso, no momento da desmobilização não houve movimentação de policiais ou guardas municipais próximo ao local e ninguém foi preso.

A desmobilização atendeu a uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF), e um pedido do Ministério Público Federal (MPF) ao Exército, após os ataques terroristas que devastaram os Três Poderes em Brasília (DF): Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).

Na ordem, Moraes determinou "a desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em flagrante de seus participantes".
Já no pedido assinado pelo procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Júlio José Araújo Júnior, ele requisitou ao general André Luís Novaes de Miranda, do Comando Militar do Leste, "que adote imediatamente todas as providências necessárias para promover a desocupação do acampamento situado em área contígua ao prédio desse comando, inclusive mediante auxílio da Polícia Militar e outras forças de segurança, informando, no prazo máximo de 12 horas, o resultado de tais medidas".

O acampamento reunia dezenas de bolsonaristas desde o resultado das eleições. O grupo, sempre vestido de camisas amarelas da seleção brasileira, enroladas em bandeiras do Brasil pediam por intervenção militar e não aceitavam a vitória do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.