Megaoperação na Vila Cruzeiro, no dia 24 de maio, foi a data que mais registrou mortes no ano: 26Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Um levantamento divulgado, nesta segunda-feira (30), pelo Instituto Fogo Cruzado apontou que 2.000 pessoas foram baleadas na região do Grande Rio em todo o ano passado. Destas, 984 morreram e 1.016 ficaram feridas. Em média, os números equivalem a 166 baleados por mês. Comparando com o ano de 2021, houve uma queda de 9% nos números de mortes. Já o de feridos se manteve estável.
Segundo o relatório anual, houve 3.587 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo, em média, 10 tiroteios por dia. O número de registros é 23% menor que o acumulado em 2021, quando houve 4.652 tiroteios, representando uma média de 13 tiroteios por dia. Do total de tiroteios mapeados em 2022, 45% resultaram em mortos ou feridos.
Entre os 3.587 confrontos registrados no ano passado, 1.250 ocorreram durante ações ou operações policiais. Isso equivale a 35% dos registros. Em 2021, dos 4.652 tiroteios, 29% deles (1.358) foram durante ações ou operações.
O dia em que mais teve mortes por arma de fogo na cidade do Rio aconteceu em 24 de maio com 26 mortes. Esse número corresponde a megaoperação policial realizada pela Polícia Militar e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro, dentro do Complexo da Penha, na Zona Norte, que se tornou a segunda mais letal na história do estado. O mês de maio também foi o que mais teve óbitos em todo o ano: 110.

Dos 3.587 tiroteios mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado em 2022, foi possível identificar a motivação de 1.859 deles (52%). Entre os principais motivos identificados estão ações e operações policiais (1.250); homicídios e tentativas de homicídio (315); roubo e tentativa de roubo (264); disputa territorial (112); e briga (51).
Números de baleados e mortos por regiões
Entre as seis regiões que compõem o Grande Rio, a Zona Norte concentrou 38% do total de tiroteios mapeados no ano. A região também teve o maior número de feridos por arma de fogo. Já Baixada Fluminense concentrou o maior número de mortos.
- Zona Norte: 1.356 tiroteios, 283 mortos e 285 feridos

- Baixada Fluminense: 892 tiroteios, 302 mortos e 282 feridos

- Zona Oeste: 594 tiroteios, 142 mortos e 150 feridos

- Leste Metropolitano: 525 tiroteios, 230 mortos e 240 feridos

- Centro: 151 tiroteios, 22 mortos e 42 feridos

- Zona Sul: 69 tiroteios, 5 mortos e 17 feridos
Quando o assunto é município, a cidade do Rio concentrou 60% dos tiroteios, 46% dos mortos e 49% dos feridos mapeados em 2022. Foram 2.170 tiroteios, 452 mortos e 494 feridos em toda a cidade. São Gonçalo, no Leste Metropolitano, ficou em segundo lugar com 298 tiroteios, 119 mortos e 145 feridos e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em terceiro com 289 tiroteios, 69 mortos e 77 feridos.
Niterói (145 tiroteios, 63 mortos e 63 feridos) e Nova Iguaçu (143 tiroteios, 66 mortos e 40 feridos) completam os cinco primeiros colocados.
A Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, foi o bairro que teve mais tiroteios em todo o ano passado com 73. A Maré, na Zona Norte, registrou 67 e a Vila Kennedy, na Zona Oeste, marcou 65. Vicente de Carvalho, na Zona Norte, ficou na quinta colocação dos locais mais afetados por confrontos com 62. O único bairro que não faz parte da cidade do Rio nos cinco primeiros colocados é Olavo Bilac, em Duque de Caxias, que registrou 63.
Entre os bairros que mais tiveram mortos por arma de fogo, os quatro primeiros estão localizados na Zona Norte do Rio, sendo a Penha com 34; A Maré com 25; o Complexo do Alemão com 19; e Vicente de Carvalho com 16 mortos. Santa Cruz, na Zona Oeste, completou a quinta posição também com 16 óbitos.
O relatório anual ainda sinalizou que o bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, foi o local com mais feridos com 26. O levantamento seguiu com a Maré (25), Costa Barros (25), Bangu (24) e Realengo (22).
O perfil da violência
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, oito crianças, 43 adolescentes e 37 idosos foram baleados na região metropolitana do Rio de Janeiro em 2022. Deste número, duas crianças, 17 adolescentes e 20 idosos morreram.
Em 2021, 17 crianças, 43 adolescentes e 33 idosos foram baleados, dos quais quatro crianças, 15 adolescentes e 13 idosos morreram.
Ao todo, 109 pessoas foram vítimas de balas perdidas em 2022 (26 morreram e 83 ficaram feridas). Deste número, 65 delas foram atingidas durante ações ou operações policiais (20 mortas e 45 feridas). Em 2021, 115 pessoas foram atingidas por balas perdidas (22 mortas e 93 feridas), 62 delas durante ações ou operações policiais (13 mortos e 49 feridos).
Do número total de baleados registrados no ano passado, 144 eram agentes de segurança. Entre eles, 67 morreram (15 em serviço, 35 fora de serviço e 17 eram aposentados/exonerados) e 77 ficaram feridos (44 em serviço, 26 fora de serviço e 7 eram aposentados/exonerados).
Em comparação com 2021, que concentrou 181 agentes baleados, sendo 82 mortos (17 em serviço, 48 fora de serviço e 17 eram aposentados/exonerados) e 99 feridos (51 em serviço, 39 fora de serviço, 8 eram aposentados/exonerados e 1 não teve o status de serviço revelado), 2022 teve queda de 18% entre os agentes mortos e de 22% entre os agentes feridos.
O Fogo Cruzado também sinalizou que nove atentados contra políticos aconteceram na região metropolitana do Rio em 2022. Ao todo, cinco políticos foram baleados: quatro deles morreram e um ficou ferido. Em 2021, houve 12 atentados que deixaram 10 baleados no total: nove mortos e um ferido.
Chacinas

Houve 51 chacinas na região metropolitana do Rio em 2022 que deixaram 225 pessoas mortas. Entre as chacinas mapeadas no ano, 80% delas (41) foram durante ações ou operações policiais, deixando 194 civis mortos - o que representa 86% dos mortos em chacinas.

Em comparação com 2021, que concentrou 61 chacinas com 255 mortos no total - sendo 46 delas (75%) em operações policiais que deixaram 195 mortos (76%) -, houve queda de 16% nas chacinas e de 12% no número de mortos em chacinas.