José Simão era apaixonado pelo Vasco e militar da Marinha aposentadoArquivo Pessoal

Rio - Imagens de câmeras de segurança divulgadas nesta terça-feira (31) mostram o momento exato em que o militar aposentado José Simão, de 82 anos, morreu após ser arrastado por um vagão do metrô, na estação Uruguaiana, em outubro de 2022. A gravação mostra que o mecanismo de segurança do veículo não identificou a mão do idoso. 
Os advogados que representam a família de José Simão afirmam que a concessionária é responsável pela morte do idoso e pelo mal funcionamento do dispositivo de segurança que impede que os veículos andem de portas abertas. Na gravação, José aparece sendo arrastado com a mão presa enquanto o metrô segue viagem sem o sistema sinalizar algum problema.
As luzes das portas do veículo permanecem verdes mesmo com a vítima sendo arrastada. O idoso percorre alguns metros até se desequilibrar e ficar preso entre o metrô e a plataforma, sofrendo lesões que culminaram na sua morte. De acordo com laudo da perícia, a causa da morte foi traumatismo no tórax e hemorragia interna.
Em nota, os advogados Yannick Robert e Marcello Peral explicam que as imagens comprovam que José Simão morreu em razão de ter ficado do lado de fora do metrô com parte do corpo preso na porta. De acordo com o posicionamento da defesa, os argumentos apresentados pela concessionária confirmam "a grave falha no dispositivo de segurança das portas que permite a partida da composição com um ser humano preso".
"A concessionária é a responsável pela morte de José Simão e deve modificar com urgência o seu mecanismo de segurança para que nenhuma composição possa trafegar com um ser humano preso pela porta", dizem os advogados em nota.
Questionada sobre o assunto, o MetrôRio informou que vem colaborando com as investigações da Polícia Civil, cedendo todas as informações e imagens necessárias para a devida apuração do acidente. A empresa ainda ressaltou que se colocou à disposição da família, a fim de oferecer o suporte que fosse necessário.
No entanto, a concessionária não respondeu se houve uma modificação no sistema de segurança desde o dia do acidente e porque o mecanismo não identificou o idoso preso. A Polícia Civil ainda não respondeu como está o andamento da investigação.
Relembre o caso
José Simão foi na Uruguaiana para trocar a bateria de seu celular que estava ruim. Ele entrou na estação para pegar o metrô em busca de encontrar a sua mulher e o seu filho, que o aguardavam para almoçar e ver o jogo do Vasco contra o Criciúma, realizado no dia 22 de outubro, em um restaurante.
Ao tentar entrar no vagão, ele ficou com a mão presa. O veículo andou e ele se desequilibrou, ficando preso entre a plataforma e o metrô. O acidente aconteceu por volta de 12h40 e chocou quem passava pelo local. 
Na época, o engenheiro Newton Brito, filho mais velho da vítima, contou que a empresa responsável pelo sistema não prestou auxílio à família após o ocorrido. A família chegou a entrar com uma ação indenizatória contra o MetrôRio.
"Sinto uma completa falta de estrutura de atendimento para famílias que sofrem esse tipo de situação. Eu liguei para o meu pai para saber se ele já estava vindo almoçar e fui atendido por uma pessoa desconhecida. Eu tive que comunicar a minha mãe sem nenhum tipo de apoio. A empresa queria saber se tinha alguma forma de assistência. O Metrô já tinha que saber o que fazer e não perguntar o que tem que ser feito", lamentou.
José Simão era um militar da Marinha aposentado. Ele era casado, morava em Piedade, na Zona Norte do Rio e deixou cinco filhos, sendo Newton o mais velho. De acordo com o primogênito, a relação do pai com a família era muito amistosa.