Inauguração de dois novos prédios do Super Centro Carioca de Saúde contou com a presença do presidente LulaPedro Ivo / Agência O Dia

Rio - A prefeitura do Rio inaugurou, na tarde desta segunda-feira (6), o Centro Carioca do Olho, também conhecido como Hospital do Olho, e o Centro Carioca de Diagnóstico e Tratamento por Imagem, ambos em Benfica, na Zona Norte do Rio. Os prédios seguirão o plano previsto para a Política Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas e irão compor o Super Centro Carioca de Saúde, que teve o primeiro prédio inaugurado no ano passado.
O objetivo é zerar as filas de atendimento do Sistema de Regulação (Sisreg) da cidade até julho. O evento contou com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da ministra da Saúde, Nísia Trindade, do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e do prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), e de outras autoridades.
Em seu discurso, Lula valorizou as inaugurações com uma vitória do povo que aguardava por muito tempo nas filas esperando o atendimento de médicos especialistas.
"Quando a Nísia foi convidada por mim para ser ministra da Saúde, a primeira coisa que eu disse para ela foi que era preciso dar um jeito na questão das especialidades. Porque o povo pobre até tem acesso a uma UPA, uma clínica de emergência, mas quando esse médico indica um atendimento de especialista, essa pessoa espera e muitas vezes até morre na fila", disse o presidente.
"Quando eu venho aqui e passo em um centro daquele fico pensando em quanto é importante fazermos o povo voltar a sorrir. Nem todo mundo pode pagar um oftalmologista, nem todo mundo que tem um problema, por menor que seja, consegue pagar por esse atendimento. Quando você vê uma criança dessa receber um óculos de graça oferecido pelo SUS e pela prefeitura, é uma demonstração de que o país pode ser diferente", completou Lula.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comemorou o passo dado para a redução das filas nas unidades públicas de saúde. O Rio deve receber um investimento inicial de R$ 200 milhões para início do programa. 
"A emoção de ver esse trabalho é saber que aqui no Rio irá avançar a questão do tratamento de qualidade, as especialidades, com essa visão de estar atendendo 35 mil pessoas por mês. Isso é incrível. Isso converge para uma das metas do governo federal de redução de filas em unidades médicas. Estamos trabalhando com os planos de cada estado do Brasil para que a gente possa avançar. Comandando com as cirurgias, avançando para exames diagnósticos e demais atendimentos", discursou a ministra.
Novos prédios
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, abriu a sua fala agradecendo ao prefeito Eduardo Paes pelo esforço na construção das unidades especializadas. O secretário de saúde também agradeceu ao apoio do presidente Lula ao Sistema Único de Saúde (SUS).
"Esse Centro começou a ser idealizado na eleição do Eduardo Paes, lá atrás. No governo de transição, a gente começou o planejamento e agora estamos entregando 22 mil metros de área construída. Muitas pessoas ainda na cidade do Rio morrem sem ter o atendimento médico necessário. Em julho deste ano, podem nos cobrar essa fila de procedimentos de olhos zerada. Toda fila oftalmológica do Estado do Rio de Janeiro zerada. São 16 mil atendimentos até o fim do primeiro semestre", disse Soranz.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Centro Carioca de Olho tem capacidade para mais de 52 mil procedimentos de oftalmologia, por mês, como consultas, cirurgia de catarata, córnea, estrabismo, glaucoma, pterígio, retina, além de exames oftalmológicos e dispensação de lentes corretivas. O prédio ainda conta uma ótica, que faz a distribuição de óculos de grau para os pacientes. O planejamento do órgão é que, ainda neste ano, o transplante de córneas possa ser realizado no local.
Já o Centro Carioca de Diagnóstico e Tratamento por Imagem irá realizar exames como endoscopia, colonoscopia, ressonância, cintilografia, broncoscopia, PET scan, entre outros. A expectativa é que mais de 34 mil procedimentos sejam realizados por mês. Ao todo, serão 1.800 funcionários, entre equipe médica, enfermeiros, técnicos e administrativos.
Os encaminhamentos para atendimento nos locais serão realizados pelas clínicas de saúde da família. Os prédios, junto com o Centro Carioca de Especialidades, aberto no ano passado, compõem o Super Centro Carioca de Saúde, tido como o mais moderno complexo de saúde pública da América Latina. As unidades ficam localizadas Rua General Gustavo Cordeiro de Farias 545, em Benfica.
A estrutura começa a funcionar já nesta terça-feira, com quase 90% dos equipamentos funcionais. Uma das exceções é o Pet-Scam que, segundo o secretário Daniel Soranz, foi solicitado, mas ainda deve levar alguns meses para ser entregue. "Já estamos prontos para atender", garantiu. 
O espaço, inclusive, recebeu pacientes da fila do Sisreg ao longo das últimas semanas. Os atendimentos serviram de teste para que tudo esteja funcionando 100% nesta terça-feira, segundo o secretário.
Reaproximação entre os governos
O prefeito Eduardo Paes ressaltou a importância da retomada da relação entre a cidade do Rio, o governo do estado e o governo federal. Segundo Paes, a união irá ajudar a melhorar a saúde em todo o estado.
"Vocês não fazem ideia da satisfação, independente de crença política, se acredita nisso ou naquilo, de o que é voltar a ter um presidente da República no Rio. Não existe, no Brasil, político que tenha tido ou que tenha a compreensão que Lula tem, da necessidade que o Brasil tem de que o Rio também vá bem. Quero fazer um registro, não tivemos aliança eleitoral, não nos apoiamos, mas temos que destacar que o governador, ao longo dos últimos anos, tem sido um parceiro. Todo tempo ajudou. Foi ele que num momento de dificuldades viabilizou um montante que nos ajudou. Obrigado governador pela sua parceria", disse Paes em seu discurso.
Na sua fala, o governador Claudio Castro destacou a maturidade para poder trabalhar junto com a prefeitura e com o governo federal.

"Não há divisão, há união. E essa união vai mudar a realidade do povo carioca e do povo fluminense. Parabéns a todos", afirmou.
Expectativa do programa é zerar as filas de atendimento
A ministra Nísia Trindade explicou durante sua fala que a Política Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas começa com procedimentos cirúrgicos, mas também irá atender a outras demandas.

"Nós vamos começar com as cirurgias. Essa é a primeira fase que começa agora. Cada estado vai apresentar seu plano. Na sequência, nós vamos trabalhar na questão dos diagnósticos, nos exames, nas especialidades e ao mesmo tempo estruturando um plano nacional de especialidades. Cada plano vai definir metas e essas serão pactuadas com o Ministério da Saúde. Nós vamos estar liberando os recursos a partir dos planos apresentados", explicou.

Segundo Trindade, a ideia do governo federal também é dar transparência para as filas com o lançamento desses dados em uma plataforma digital.

"O plano é emergencial e ao lado dele nos vamos estar organizando uma política nacional de atenção especializada. Vamos estar caminhando. Também criamos uma área de saúde digital melhorando a regulação. Teremos que ter noção exata de quanto tempo o cidadão estará esperando."
A ministra ainda falou sobre a volta da condicionalidade da vacinação para liberação do Bolsa Família e também sobre o apagão de dados gerado durante o governo Bolsonaro.

"Nós não temos os dados precisos neste momento, mas estamos apurando e sabemos que o impacto maior, no caso da covid, foi na vacinação infantil. Sabemos também de adultos que não completaram o esquema completo", completou. 
Sobre o plano, o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, prometeu zerar a fila de procedimentos oftalmológicos da cidade até julho e, na sequência, ampliar para as demais filas do Estado.

"O plano que apresentamos hoje com a inauguração do Super Centro Carioca tem um compromisso de zerar a fila de oftalmologia até julho deste ano, isso na cidade do Rio, e a fila do estado no final do ano", disse.

Segundo Soranz, o Sisreg tem atualmente 139 mil pessoas aguardando por diversos atendimentos, como procedimentos, exames e cirurgias. O plano também deve incluir essas filas.
"Temos uma expectativa muito grande com o plano. Temos certeza de que a ministra Nísia e o presidente Lula vão entregar o melhor para o Sistema Único de Saúde", finalizou.