O militar da aeronáutica Antônio Carlos Guarini, 26 anos, e o jovem Jean Jerry morreram vítimas de bala perdida neste domingoreproduções

Rio - Três pessoas foram atingidas por bala perdida no estado do Rio apenas neste último domingo (19). Duas delas morreram. Dentre as vítimas estão o militar da Aeronáutica Antônio Carlos Guarini, 26 anos; o adolescente Jean Jerry de 17 anos; e um homem, ainda não identificado, que permanece internado. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, em 2023, o número de vítimas mais que duplicou em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o relatório, 45 pessoas foram atingidas por bala perdida desde 1º de janeiro a 20 de março deste ano. Dentre elas, 13 morreram e 32 ficaram feridas. Em 2022, nesse mesmo período, houveram 20 vítimas, entre elas, 5 morreram e 15 ficaram feridas.
Para o professor José Ricardo Bandeira, comentarista de Segurança Pública e assuntos periciais, a morte de pessoas inocentes vitimadas por balas perdidas nas comunidades das grandes cidades expõe para o mundo uma triste realidade de violência e dor.

“Enquanto discutimos de onde saíram os tiros que mataram essas vítimas inocentes, matando com elas os sonhos e esperanças de suas famílias, esquecemos de discutir outro fato tão importante quanto: Por que armas de guerra estão sendo utilizadas em áreas urbanas? Sejam não mão de criminosos ou de policiais”, questionou.

Segundo o especialista, para solucionar a violência no estado a segurança pública deve começar a ser tratada como ciência e a política de enfrentamento nas comunidades não deve ser adotada.

“Os nossos governantes ainda veem como saída a intensificação da política de enfrentamento armado nas comunidades, contrariando os dados históricos que comprovam que essa política de enfrentamento praticada há décadas em alguns estados nunca reduziu os índices de criminalidade e violência. Enquanto a Segurança pública não for tratada como ciência continuaremos vivendo esta triste realidade de crianças e trabalhadores inocentes mortos por balas perdidas”, finalizou.

Relembre os casos

O militar e professor de Jiu-Jitsu Antônio Carlos Guarani morreu após ser atingido por uma bala perdida durante um confronto entre policiais militares e criminosos na Estrada Manuel Nogueira de Sá, em Realengo, na Zona Oeste, neste domingo (19). De acordo com testemunhas, ele parou em um bar para cumprimentar amigos que assistiam a partida entre Flamengo e Vasco quando foi atingido.

Jean Jerry morreu, neste domingo (19), depois de ser atingido por uma bala perdida, na comunidade do Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, na Zona Norte. Ele chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro e transferido para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), não resistiu aos ferimentos.

Um homem, ainda não identificado, foi vítima de bala perdida durante intenso tiroteio entre milicianos e traficantes rivais no Morro do Jordão, na Taquara, na Zona Oeste, neste domingo (19). A vítima estava no condomínio onde mora quando foi atingida. As comunidades da região têm vivido em meio a um conflito por disputa de território há meses.

Outras vítimas
Maria Júlia da Silva Gomes, de 1 ano e 8 meses, foi atingida no último dia 10 por uma bala perdida dentro de casa, entre as comunidades dos Tabajaras e Cabritos, em Copacabana, na Zona Sul. Ela teve alta após passar por cirurgia e passa bem.

No dia 7, Benedito da Silva, de 39 anos, morreu no Hospital Federal de Bonsucesso, Zona Norte, após uma semana internado. Ele foi vítima de bala perdida durante confronto entre policiais e homens armados na comunidade de Manguinhos, também Zona Norte. Ivan Correia dos Santos, de 55 anos, baleado no mesmo dia morreu após duas semanas internado em estado grave.

No dia 5, Ueslei da Silva Estácio foi atingido por uma bala perdida durante um confronto entre criminosos e policiais militares na comunidade do Tirol, na Freguesia, Zona Oeste do Rio.
Em fevereiro, uma adolescente de 15 anos foi atingida no braço esquerdo, na noite desta sexta-feira (24), em Jardim Catarina, São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. A menina brincava no portão de casa, junto com uma prima, quando foi baleada.