Motorista, suspeito de intolerância religiosa, arrancou com o carro depois de não deixar família vestida com trajes do Candomblé entrar em seu veículoReprodução

Rio - O motorista de aplicativo suspeito de recusar uma corrida na Uber por intolerância religiosa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, prestou depoimento e negou o crime. Segundo a empresária Tais da Silva Fraga e sua sogra, Vera Lúcia, Ricardo Cardoso Afonso, de 57 anos, teria se negado a levar as duas mulheres e duas meninas, de 8 e 13 anos, porque elas estavam vestidas com roupas do candomblé.
A delegada Rita Salim, titular da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), informou que a criança e a adolescente envolvidas também prestaram depoimento e confirmaram que o homem negou a corrida por conta das vestes delas. "O motorista foi ouvido e negou que tenha praticado intolerância. A criança e a adolescente que acompanhavam a mãe e a avó também prestaram depoimento e confirmaram a versão da família. As investigações continuam para elucidar os fatos", disse Salim.
Ao DIA, Taís disse que o motorista foi extremamente grosseiro e não deixou que a família entrasse no veículo. Uma das filhas da empresária já estava com um dos pés dentro do carro quando o homem a impediu de embarcar. A situação foi filmada por câmeras de segurança da região.
"Nós estávamos indo para uma cerimônia vestidas com as roupas de santo. Eu, minhas filhas e a minha sogra. Quando o Uber chegou, ele viu a minha sogra, que não estava com a roupa de santo. Ela já estava embarcando no carro. Quando ele olhou para o lado esquerdo, que era o lado em que nós estávamos, ele se recusou a levar a gente e se recusou a deixar a gente embarcar. Minha filha menor já estava com o pé dentro para o embarque. Foi muito constrangedor", disse.
Após a repercussão do caso, a Uber informou que o motorista foi afastado. "A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. A conta do motorista parceiro já foi temporariamente desativada, enquanto aguardamos pelas apurações", informou a empresa.