Fachada do Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona SulDivulgação

Rio - Morreu, na madrugada deste sábado (30), o filho do miliciano Antônio Carlos dos Santos Pinto, o Pit. A criança, de 9 anos, estava internada em estado gravíssimo no Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul, após ser atingida na cabeça durante o ataque que matou seu pai e um outro homem na comunidade Três Pontes, em Paciência, Zona Oeste do Rio.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o menino recebeu os primeiros cuidados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paciência, mas precisou ser transferida para o HMMC.
Pit é apontado como um dos sucessores de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, no comando da milícia. Investigações apontam que o miliciano era o 4° na hierarquia do grupo. Pit era um dos responsáveis pelas finanças do grupo e chegou a ser preso pela Polícia Civil em maio de 2019, mas foi solto em setembro deste ano.
Outro homem, identificado como Leonel Patrício de Moura, também foi morto a poucos metros do local onde Pit foi executado. Informações preliminares apontam que Leonel e Pit teriam marcado um encontro e os criminosos, sequestraram Leonel, o torturam e o obrigaram a levá-lo até a localização do miliciano. Em seguida, o grupo assassinou os dois. 
Ainda na ação, outras duas pessoas ficaram feridas e foram socorridas para hospitais da região. O estado de saúde delas ainda não foram divulgados. De acordo com a Polícia Civil, foram realizadas perícias nos locais e testemunhas foram ouvidas. Investigações estão em andamento para apurar a autoria e a motivação dos crimes.
Imagens obtidas pelo DIA mostram diversas marcas de tiro em um Gol branco e o corpo de Pit estirado no banco do motorista. No outro veículo, um Honda Fit, Leonel foi encontrado morto e com as mãos amarradas. A Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
Com a morte do filho de Pit, subiu para 25 o número de crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio. As informações são do Instituto Fogo Cruzado. Segundo a plataforma, 10 morreram e 15 ficaram feridas.

Prisão de Zinho
Na véspera de Natal, Zinho, que era o miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, se entregou à Polícia Federal. Luís Antônio da Silva Braga se entregou na Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio, no centro da capital, após uma negociação entre seus advogados, policiais federais e a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Foragido desde 2018, o miliciano tinha, pelo menos, 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
A entrega de Zinho pode ter relação com a descoberta da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre a suposta ligação entre seu grupo criminoso com a deputada estadual Lucinha (PSD). As investigações apontam uma participação ativa da parlamentar e de sua assessora na organização criminosa. O criminoso é alvo de seis denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Sendo elas, por homicídios, lavagem de dinheiro, corrupção de policiais e extorsão.
História no crime
O miliciano assumiu a liderança da milícia que atua em Campo Grande, Santa Cruz e Paciência em 2021, dois meses após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão e antigo líder do bando. Wellington foi um dos responsáveis por expandir os domínios da organização fundada por outro irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, que morreu em 2017. Ambos faleceram após confrontos com policiais.
Antes de se tornar líder, Zinho integrou a organização ao ficar encarregado da contabilidade do grupo, ficando ligado a atividades de lavagem de dinheiro. Ele é um dos sócios da Macla Extração e Comércio de Saibro, empresa de extração de areia e saibro em Seropédica, na Baixada, com sede no Recreio. Segundo a polícia, a Saibro teria faturado R$ 42 milhões entre 2012 e 2017 e era usada para lavar o dinheiro da milícia.
Ao assumir a liderança do grupo, o criminoso acabou rompendo com algumas alianças antigas. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios.