Veículo ficou com diversas marcas de tiro e o corpo do miliciano Pit estirado no banco do motoristaReprodução
Homem apontado como sucessor de Zinho é morto a tiros na Zona Oeste
Antônio Carlos dos Santos Pinto, o Pit, foi assassinado na comunidade Três Pontes, em Paciência; filho do miliciano acabou atingida por disparo
Rio - Antônio Carlos dos Santos Pinto, apontado como um dos sucessores de Zinho no comando da milícia, foi morto, na manhã desta sexta-feira (29), na comunidade Três Pontes, em Paciência, Zona Oeste do Rio. Conhecido como Pit, o miliciano, de 46 anos, estava dentro de um carro quando foi assassinado a tiros. Outro homem, identificado como Leonel Patrício de Moura, também foi morto a poucos metros do local. Além disso, o filho de Pit, um menino de 9 anos, foi baleado na cabeça.
Informações preliminares apontam que Leonel e Pit teriam marcado um encontro e os criminosos, sequestraram Leonel, o torturam e o obrigaram a levá-lo até a localização do miliciano. Em seguida, o grupo assassinou os dois.
Às 10h01, o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender ocorrência, que aconteceu na Rua Cerquílio. No local, a equipe do 27º BPM (Santa Cruz), da Polícia Militar, constatou que os homens já estavam mortos, isolou a área e acionou a perícia.
Ainda na mesma ação, os agentes receberam a informação de que uma criança também havia sido baleada e socorrida. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o filho de Pit está internada em estado gravíssimo. Ela recebeu os primeiro cuidados na UPA de Paciência e transferida para o HMMC.
As imagens obtidas pelo DIA mostram as diversas marcas de tiro no veículo branco e o corpo de Pit estirado no banco do motorista. No outro veículo, um Honda Fit, Leonel foi encontrado morto e com as mãos amarradas.
Investigações apontam que o miliciano era o 4° na hierarquia da milícia de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que está preso em Bangu 1 desde domingo (24). Pit era um dos responsáveis pelas finanças do grupo e chegou a ser preso pela Polícia Civil em maio de 2019, mas foi solto em setembro deste ano.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
Zinho se entregou à PF
Na véspera de Natal, no último domingo, Zinho, que era o miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, se entregou à Polícia Federal. Foragido desde 2018, Luís Antônio da Silva Braga possuía 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
A entrega de Zinho pode ter relação com a descoberta da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre a suposta ligação entre seu grupo criminoso com a deputada estadual Lucinha (PSD). As investigações apontam uma participação ativa da parlamentar e de sua assessora na organização criminosa
Agora, Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, é apontado pela polícia como o próximo líder da milícia de Zinho. Pipito era o 2° na hierarquia do comando da maior milícia do Rio, após a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão.
Considerado homem de confiança do miliciano, Pipito foi o responsável por coordenar os ataques a ônibus na Zona Oeste do Rio em outubro deste ano. Os ataques, que deixaram 35 coletivos incendiados, foram motivados pela morte de Faustão, em operação da Polícia Civil na mesma comunidade Três Pontes.
Trajetória no crime
Zinho assumiu a liderança da milícia que atua em Campo Grande, Santa Cruz e Paciência, na Zona Oeste, em 2021, dois meses após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão e antigo líder do bando. Wellington foi um dos responsáveis por expandir os domínios da organização fundada por outro irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, que morreu em 2017.
Antes de se tornar líder, Zinho integrou a organização ao ficar encarregado da contabilidade do grupo, ficando ligado à atividades de lavagem de dinheiro. Ele é um dos sócios da Macla Extração e Comércio de Saibro, empresa de extração de areia e saibro em Seropédica, na Baixada Fluminense, com sede no Recreio, também na Zona Oeste. Segundo a polícia, a Saibro teria faturado R$ 42 milhões entre 2012 e 2017 e era usada para lavar o dinheiro da milícia.
Ao assumir a liderança do grupo, o criminoso acabou rompendo com algumas alianças antigas. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Marcela Ribeiro
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