Os crimes aconteceram na Avenida Francisco Bicalhogoogle street view / reprodução
Rio - Após os recentes casos de ônibus sequestrados nas proximidades da Rodoviária do Rio em um intervalo de 11 dias, especialistas citam falta de policiamento e áreas de difícil acesso como possíveis facilitadores dos crimes. Eles alertam para a necessidade de união das autoridades e uma investigação minuciosa para avaliar se os suspeitos fazem parte do mesmo esquema criminoso.
A suspeita é que o grupo seja do Complexo da Maré, Zona Norte, uma das maiores bases do Comando Vermelho. Isso porque no primeiro sequestro, cinco bandidos armados obrigaram o motorista a deixá-los em uma das entradas do conjunto de favelas. Já no segundo caso, a localização de um dos celulares roubados durante o assalto também apontou para o complexo, disse uma passageira.
Para Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do GENI/UFF, com a recorrência do crime é importante que as autoridades estejam atentas e que se unam para diminuir a criminalidade.
"Não sei se é uma nova modalidade de crime no Rio, mas no meu ponto de vista primeiro devíamos ter um reforço no policiamento nas rodovias, bom lembrar que já há em alguns pontos com a Força Nacional e com a atuação da PRF, que já é de praxe, e da PM, mas seria desejável uma coordenação entre essas agências para verificar a melhor maneira de proceder no policiamento ostensivo", comentou.
Ainda segundo o sociólogo, dados disponíveis pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) permitem estabelecer as manchas criminais para que as polícias posicionem o policiamento de maneira inteligente.
"Por outro lado é importante a atuação da Polícia Civil na investigação desses grupos, se há relação ou se não há, se são as mesmas pessoas que estão fazendo esses roubos e dessa forma desbaratar as redes criminosas que dão sustentação a esses roubos", finalizou.
A suspeita é que o grupo seja do Complexo da Maré, Zona Norte, uma das maiores bases do Comando Vermelho. Isso porque no primeiro sequestro, cinco bandidos armados obrigaram o motorista a deixá-los em uma das entradas do conjunto de favelas. Já no segundo caso, a localização de um dos celulares roubados durante o assalto também apontou para o complexo, disse uma passageira.
Para Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do GENI/UFF, com a recorrência do crime é importante que as autoridades estejam atentas e que se unam para diminuir a criminalidade.
"Não sei se é uma nova modalidade de crime no Rio, mas no meu ponto de vista primeiro devíamos ter um reforço no policiamento nas rodovias, bom lembrar que já há em alguns pontos com a Força Nacional e com a atuação da PRF, que já é de praxe, e da PM, mas seria desejável uma coordenação entre essas agências para verificar a melhor maneira de proceder no policiamento ostensivo", comentou.
Ainda segundo o sociólogo, dados disponíveis pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) permitem estabelecer as manchas criminais para que as polícias posicionem o policiamento de maneira inteligente.
"Por outro lado é importante a atuação da Polícia Civil na investigação desses grupos, se há relação ou se não há, se são as mesmas pessoas que estão fazendo esses roubos e dessa forma desbaratar as redes criminosas que dão sustentação a esses roubos", finalizou.
Para especialista em segurança pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina (Inscrim), José Ricardo Bandeira, combater crimes emergentes demanda uma resposta rápida e coordenada por parte das autoridades, além de estratégias preventivas que possam afastar os criminosos e proteger a população.
"É essencial ressaltar que combater esse tipo de crime requer uma abordagem multifacetada que envolva autoridades policiais, planejamento urbano, envolvimento da comunidade e políticas de segurança pública mais abrangentes", explicou.
Ao DIA, ele citou ainda razões que podem facilitar esse tipo de abordagem como, por exemplo, a
a ausência de policiamento eficaz nas ruas, áreas de difícil acesso ou controle, ou seja próximo a favelas ou áreas urbanas densamente povoadas, onde a presença do estado pode ser mais limitada, além do horário e localização.
"Assaltos à noite, especialmente em áreas menos movimentadas, podem oferecer aos criminosos a oportunidade de agir com menos interferência", disse.
Para evitar esse tipo de crime, José Ricardo Bandeira acredita que algumas medidas podem ser consideradas como: Maior presença policial e estratégias de segurança; monitoramento e iluminação, com a instalação de câmeras de vigilância em áreas vulneráveis; treinamento de motoristas e passageiros com instrução sobre como agir em situações de risco; além de táticas preventivas, como evitar áreas perigosas em certos horários ou implementar rotas mais seguras.
Sobre os sequestros se tornarem uma nova modalidade do crime, o especialista explicou que para isso alguns fatores precisam ser analisados, mas que essa pode ser uma possibilidade.
"Essa questão pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a dinâmica do próprio crime organizado, falhas na segurança pública, mudanças socioeconômicas ou políticas, entre outros aspectos, podendo de fato isso ser uma nova modalidade emergente de crime no Rio de Janeiro. No entanto, é necessário acompanhar os relatórios e análises atualizados das autoridades competentes e a mancha de criminalidade para entender se esse tipo de crime se tornou uma tendência crescente ou se foram casos isolados", disse.
Ao DIA, ele citou ainda razões que podem facilitar esse tipo de abordagem como, por exemplo, a
a ausência de policiamento eficaz nas ruas, áreas de difícil acesso ou controle, ou seja próximo a favelas ou áreas urbanas densamente povoadas, onde a presença do estado pode ser mais limitada, além do horário e localização.
"Assaltos à noite, especialmente em áreas menos movimentadas, podem oferecer aos criminosos a oportunidade de agir com menos interferência", disse.
Para evitar esse tipo de crime, José Ricardo Bandeira acredita que algumas medidas podem ser consideradas como: Maior presença policial e estratégias de segurança; monitoramento e iluminação, com a instalação de câmeras de vigilância em áreas vulneráveis; treinamento de motoristas e passageiros com instrução sobre como agir em situações de risco; além de táticas preventivas, como evitar áreas perigosas em certos horários ou implementar rotas mais seguras.
Sobre os sequestros se tornarem uma nova modalidade do crime, o especialista explicou que para isso alguns fatores precisam ser analisados, mas que essa pode ser uma possibilidade.
"Essa questão pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a dinâmica do próprio crime organizado, falhas na segurança pública, mudanças socioeconômicas ou políticas, entre outros aspectos, podendo de fato isso ser uma nova modalidade emergente de crime no Rio de Janeiro. No entanto, é necessário acompanhar os relatórios e análises atualizados das autoridades competentes e a mancha de criminalidade para entender se esse tipo de crime se tornou uma tendência crescente ou se foram casos isolados", disse.
Em contrapartida, o ex-comandante geral da PM do Rio, do Batalhão da Maré e do Bope, Mário Sérgio Duarte, afirma que roubos praticados em coletivos despencaram abruptamente nos últimos dois anos de 2022 e 2023, se comparados a 2018 e 2019.
"Em grande parte dos roubos, os ônibus seguem por longo trecho reféns dos assaltantes; mas sem se afastar de sua rota normal. Até temos casos de mudança de rota, mas não é a regra. Então, primeiro está claro que não há nenhum crescimento de casos de roubos em coletivo, pelo que a objetividade dos números demonstram, nem mesmo em relação aos anos de 2020 e 2021", disse.
Apesar disso, ele destaca que roubo a passageiros com mudança de rota tende a ser mais traumático. "Ainda que eu não creia num novo 'fenômeno criminal', julgo imperativo que a Secretaria de Segurança estabeleça, pró-ativamente, uma estratégia com as duas polícias de prevenção, monitoramento e repressão imediata à esta modalidade. Números ótimos de fatos passados são só estáticos para a história. O futuro tem outra dinâmica", finalizou.
"Em grande parte dos roubos, os ônibus seguem por longo trecho reféns dos assaltantes; mas sem se afastar de sua rota normal. Até temos casos de mudança de rota, mas não é a regra. Então, primeiro está claro que não há nenhum crescimento de casos de roubos em coletivo, pelo que a objetividade dos números demonstram, nem mesmo em relação aos anos de 2020 e 2021", disse.
Apesar disso, ele destaca que roubo a passageiros com mudança de rota tende a ser mais traumático. "Ainda que eu não creia num novo 'fenômeno criminal', julgo imperativo que a Secretaria de Segurança estabeleça, pró-ativamente, uma estratégia com as duas polícias de prevenção, monitoramento e repressão imediata à esta modalidade. Números ótimos de fatos passados são só estáticos para a história. O futuro tem outra dinâmica", finalizou.
Relembre os casos
O primeiro sequestro aconteceu no dia 22 de dezembro. O ônibus sequestrado vinha de São Paulo com destino ao Rio. Na ocasião, o veículo passava pela Avenida Francisco Bicalho, próximo a Rodoviária do Rio, quando cerca de cinco criminosos ameaçaram o motorista e anunciaram o assalto. Eles roubaram todos os passageiros, entre as vítimas, três turistas chineses, que perderam celulares, passaportes e R$ 2 mil em dinheiro. Os bandidos ainda obrigaram o motorista a seguir com o ônibus para uma das entradas do Complexo da Maré.
Na última terça (2), outro ônibus, vindo de Angra dos Reis, também foi abordado próximo a rodoviária. Os suspeitos obrigaram o motorista a dirigir até a região da comunidade Kelson's, na Penha, na Zona Norte, enquanto roubavam as pessoas.
Concessionária ressalta problema de segurança pública
De acordo com a empresa Rodoviária do Rio S/A, que administra a Rodoviária Novo Rio, casos como este são problemas de segurança pública e são encaminhados regularmente ofícios às forças de segurança do estado pedindo um reforço no policiamento na região.
"A concessionária encaminha ofícios regulares às autoridades competentes solicitando reforço no policiamento dos arredores do terminal, principalmente em períodos como este com maior movimentação de turistas em viagens de final de ano e férias", disse em nota.
A empresa ainda destacou que possui administradores privados no terminal, que oferecem segurança aos usuários na área interna, através de vigilantes patrimoniais, sistema de circuito interno de TVs com monitoramento 24h e com campanhas para alertar turistas e passageiros sobre os cuidados em relação aos deslocamentos na região do entorno.
"A concessionária encaminha igualmente todas as manifestações de usuários, recebidas pelo SAC/Ouvidoria e Redes Sociais, relacionadas à problemas externos, para os órgãos públicos reivindicando soluções efetivas para os arredores", completou.
O que dizem as polícias Militar e Civil
A PM não foi acionada para nenhum dos casos, mas ressalta que todos os batalhões de área da corporação empregam o Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (PTOU), uma modalidade que visa a abordagem e revista específicas nos coletivos que circulam pela capital e interior do estado.
Ainda em nota, a corporação destacou que unidades especializadas, como a das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), também realizam esse trabalho de abordagem, principalmente em corredores de maior fluxo de veículos e pontos de ônibus situados em vias de expressiva circulação, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela.
De acordo com os últimos índices do Instituto de Segurança Pública (ISP), num comparativo entre os períodos de janeiro a novembro de 2023 e 2022, houve queda de 19.1% nos roubos a coletivos no Estado. Na capital, essa queda foi ainda maior, apresentando redução de 33.3% no mesmo comparativo.
Concessionária ressalta problema de segurança pública
De acordo com a empresa Rodoviária do Rio S/A, que administra a Rodoviária Novo Rio, casos como este são problemas de segurança pública e são encaminhados regularmente ofícios às forças de segurança do estado pedindo um reforço no policiamento na região.
"A concessionária encaminha ofícios regulares às autoridades competentes solicitando reforço no policiamento dos arredores do terminal, principalmente em períodos como este com maior movimentação de turistas em viagens de final de ano e férias", disse em nota.
A empresa ainda destacou que possui administradores privados no terminal, que oferecem segurança aos usuários na área interna, através de vigilantes patrimoniais, sistema de circuito interno de TVs com monitoramento 24h e com campanhas para alertar turistas e passageiros sobre os cuidados em relação aos deslocamentos na região do entorno.
"A concessionária encaminha igualmente todas as manifestações de usuários, recebidas pelo SAC/Ouvidoria e Redes Sociais, relacionadas à problemas externos, para os órgãos públicos reivindicando soluções efetivas para os arredores", completou.
O que dizem as polícias Militar e Civil
A PM não foi acionada para nenhum dos casos, mas ressalta que todos os batalhões de área da corporação empregam o Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (PTOU), uma modalidade que visa a abordagem e revista específicas nos coletivos que circulam pela capital e interior do estado.
Ainda em nota, a corporação destacou que unidades especializadas, como a das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), também realizam esse trabalho de abordagem, principalmente em corredores de maior fluxo de veículos e pontos de ônibus situados em vias de expressiva circulação, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela.
De acordo com os últimos índices do Instituto de Segurança Pública (ISP), num comparativo entre os períodos de janeiro a novembro de 2023 e 2022, houve queda de 19.1% nos roubos a coletivos no Estado. Na capital, essa queda foi ainda maior, apresentando redução de 33.3% no mesmo comparativo.
"A SEPM ressalta ainda que, em caso de ações criminosas no interior de coletivos, os cidadãos podem acionar de imediato as equipes da corporação via Central Telefônica ou App 190 RJ, proporcionando assim a possibilidade de uma abordagem exitosa diante do flagrante delito. A central do Disque-Denúncia, através do telefone 21 2253-1177, também é parceira na recepção de informações privilegiadas sobre os envolvidos em tais ações criminosas. O anonimato é garantido", finalizou em nota.
Já a Polícia Civil informou que o primeiro caso está em investigação na 4ª DP (Presidente Vargas), enquanto o segundo da 22ªDP (Penha) foi encaminhado para a 17ºDP (São Cristóvão). Em ambos os casos, agentes realizam diligências para identificar os envolvidos.
Força Nacional
Agentes da Força Nacional atuam no Rio desde o início da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que começou no dia 6 de novembro, nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Itaguaí; e aeroportos do Galeão e de Guarulhos.
Já a Polícia Civil informou que o primeiro caso está em investigação na 4ª DP (Presidente Vargas), enquanto o segundo da 22ªDP (Penha) foi encaminhado para a 17ºDP (São Cristóvão). Em ambos os casos, agentes realizam diligências para identificar os envolvidos.
Força Nacional
Agentes da Força Nacional atuam no Rio desde o início da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que começou no dia 6 de novembro, nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Itaguaí; e aeroportos do Galeão e de Guarulhos.
Ao todo, segundo o Ministério da Justiça, são empregados na GLO, 3.700 militares das Forças Armadas, sendo 2 mil do Exército, 1.100 da Marinha e 600 da Aeronáutica. A operação vai até maio de 2024.
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