Velório da doméstica Marcele Pereira da Silva, de 43 anos, foi marcado pela revoltaTatiane Siqueira / Agência O Dia

Rio - Foi enterrado na tarde deste sábado (20), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária  do Rio, o corpo de Marcele Pereira da Silva, de 43 anos. Cerca de vinte pessoas, entre familiares e amigos, se reuniram para prestar a última homenagem à doméstica, que foi morta a facadas na última quinta-feira (18) pelo ex-marido, Rogério Cabral Massaroni, no Alto da Boa Vista. O acusado foi preso nesta sexta-feira (19).
A filha mais velha da vítima, Rafaela Pereira, 30, exaltou a memória de Marcele. "Minha mãe era boa pessoa e trabalhadora". Segundo ela, o relacionamento entre a mãe e Rogério, que seria usuário de álcool e drogas, era "abusivo". "Ele brigava, batia, xingava, não deixava ela sair", revelou a jovem, fruto de outro relacionamento da mãe.
Marcele ainda teria tentado se desvincular do ex-marido mas, de acordo com Rafaela, "ele ia para a igreja e dizia que voltaria melhor, mas fazia de novo as mesmas coisas. Por conta dessas agressões, a doméstica já tinha solicitado três medidas protetivas contra Rogério. Mas, segundo a prima da vítima, Patrícia Herculano, "quando a viatura chegava, ele se escondia na mata."
A mulher deixa, ainda, uma filha de 7 anos, do casamento com Rogério. Genilsa Pereira Machado, 59, prima da vítima, contou que nem a menina escapava da agressividade de Rogério. "A criança apanhava do pai constantemente", disse.
Uma vizinha, que mora perto da vítima e preferiu não se identificar, contou ouvir um grito na hora do crime, quando correu para acudir Marcele. "Eu tava em casa, tomando um café, quando ouvi um grito na casa dela. Nós corremos assustados para ajudar, mas o homem já tinha fugido", detalhou.
Homem ameaçava por mensagens
Segundo Patrícia Lino Herculano, outra prima da vítima, as ameaças eram constantes, muitas vezes por mensagens de áudio. O DIA teve acesso a algumas delas. "Isso é medo, né?. Não adianta correr não. O que é do homem o bicho não come... Pego na boa, precisa correr não. Sou cria. Sou nascido e criado na minha comunidade, tá pensando que vai passar batido", disse Rogério em um dos áudios.
Ele disse, ainda, que colocaria fogo na casa em que a doméstica morava. "Sou não fiz uma merda nessa casa porque minha filha tá aí dentro. Minha vontade é jogar dois coquetéis (molotov) aí e explodir tudo. Só não faço isso porque tem duas crianças aí que não merecem", afirmou. Rogério mostrou, também, desprezo pela polícia. "Polícia de c* é r%&la", deu sorte que não matei ela", falou.